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André Ventura, líder do partido político de direita Chega, com apoiantes durante um comício em Braga
André Ventura, líder do partido político de direita Chega, com apoiantes durante um comício em Braga| Foto: EFE/EPA/HUGO DELGADO

O presidente do Partido Popular Monárquico de Portugal, Gonçalo da Câmara Pereira, cuja legenda faz parte da coalizão de centro-direita Aliança Democrática (AD) que venceu as eleições legislativas no país, disse nesta terça-feira (12) que "não vê mal algum" em fazer um pacto com o partido de direita nacionalista Chega para poder governar.

Pouco tempo depois, Pereira recebeu uma resposta contundente do prefeito de Lisboa, Carlos Moedas, do Partido Social Democrata (PSD), principal força da coalizão de centro-direita, que disse que não fará acordo com o Chega.

Em entrevista à emissora de televisão RTP, Pereira disse ser favorável a uma aproximação com a terceira maior força política do país: "Não vejo mal nenhum em pactuar com o Chega, ele não me assusta".

"Acho que o país precisava de estabilidade; acho que o país está um pouco à deriva, sem objetivos ou metas e, portanto, acho que não faria mal nenhum dar dois passos atrás para dar um passo à frente", afirmou o presidente do Partido Popular Monárquico.

"O povo português deu a ele 40 deputados (ao Chega, embora na realidade tenham sido 48). Não é para se menosprezar", destacou.

O líder da AD, Luís Montenegro, presidente do PSD, negou várias vezes a possibilidade de um pacto com o Chega durante a campanha e na própria noite da eleição, no domingo (10), quando a AD se proclamou vencedora das eleições legislativas em Portugal, apesar dos resultados apertados com o Partido Socialista (PS).

Com 99,01% dos votos apurados - os votos dos portugueses no exterior ainda serão anunciados em alguns dias - a AD tem 79 assentos, com os conquistados na Ilha da Madeira, onde os partidos da coalizão não concorreram com esse nome, e os socialistas, 77. Ambas as forças, AD e PS, estão longe das 116 cadeiras que representam a maioria absoluta na câmara.

Outros partidos de direita no Parlamento com os quais a AD poderia fazer um pacto são a Iniciativa Liberal, que tem oito assentos e se aproximou da aliança de centro-direita em várias ocasiões, e o Chega, que tem 48 deputados. A soma da AD e do Chega sozinha seria de 127 cadeiras, 11 a mais do que a maioria absoluta. Já a soma das cadeiras do PS com as dos demais partidos de esquerda seria de 91 deputados.

Faltam distribuir os quatro assentos correspondentes ao voto dos cidadãos portugueses residentes no exterior.

Referindo-se às promessas de Montenegro de que não faria um pacto com o Chega, Pereira afirmou que quando se dá uma palavra que tem de ser cumprida, mas "às vezes (ela) não é linear".

Pouco depois, Moedas respondeu sem rodeios: "O líder da AD foi claro, tal como eu como prefeito, eu não governo com o Chega e a AD não vai governar com o Chega", declarou.

Na noite desta segunda (11), o líder do Chega, André Ventura, já deu pistas, em entrevista à CNN Portugal, do que poderá ser o próximo Legislativo, quando falou da aprovação do próximo Orçamento do Estado para 2025.

"Eles querem nos pedir votos sem negociar conosco? Isso é humilhar o Chega", disse Ventura, afirmando que não vai aceitar a responsabilidade por uma hipotética queda do futuro Executivo da AD, já que “a culpa seria da coligação de centro-direita por não querer negociar com o Chega”.

Ventura acusou ainda o PSD de ser um partido "arrogante e prepotente" por não querer fazer um pacto com sua legenda. "Os portugueses não gostam de arrogância e, quando alguém os trata como idiotas, eles responsabilizam a pessoa que age desta forma", disse.

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