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Os militares birmaneses manterão seu domínio sobre Mianmar por meio de partidos que surgem nesta segunda-feira como prováveis vencedores da eleição realizada no domingo, a primeira em 20 anos no país e que foi marcada por fraudes e condenada pelos EUA e Reino Unido.

As complexas regras eleitorais impediram qualquer reviravolta democrática na eleição, que marca o final de meio século de controle direto dos militares sobre a política. A TV estatal informou que o eleitorado votou "com liberdade e felicidade", mas testemunhas relataram irregularidades e baixo comparecimento.

Ilustrando as tensões étnicas no país, houve um confronto entre rebeldes da etnia minoritária karen e soldados na cidade fronteiriça de Myawaddy, segundo uma testemunha da Reuters no lado tailandês da fronteira.

Vários foguetes e morteiros caíram no lado tailandês. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas, segundo testemunhas.

No novo Parlamento, 25 por cento das vagas estão reservadas para generais da ativa. O governista Partido da União, Solidariedade e Desenvolvimento (PUSD) tinha 27 ministros como candidatos e disputou quase todas as 1.163 vagas que a TV estatal disse estarem em aberto. Seu único rival real, o Partido da Unidade Nacional, também apoiado pelo Exército, disputa 980 vagas.

Os primeiros resultados surgem lentamente na mídia estatal, mostrando vantagem dos militares e dos seus apoiadores. "Não há dúvida de que o novo governo será militar à paisana, mas o Parlamento também oferece alguma esperança de uma transição gradual para um sistema onde haja mais espaço para o debate político", disse Christopher Roberts, especialista em estudos asiáticos e relações internacionais na Universidade de Canberra.

Em notas divulgadas separadamente, o presidente dos EUA, Barack Obama, e o chanceler britânico, William Hague, disseram que o pleito birmanês não foi nem justo nem livre.

Ninguém prevê o fim das sanções ocidentais a Mianmar, mas a eleição pode reduzir o isolamento do país num momento em que a vizinha China aumenta dramaticamente seus investimentos em gás natural e outros recursos no país.

Passadas as eleições, o foco agora se volta para a dissidente e Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, cuja prisão domiciliar expira no sábado. Ela passou 15 dos últimos 21 anos detida.

Suu Kyi conclamou seus seguidores a boicotarem a eleição de domingo. Seu filho mais novo, Kim Aris, viajou da Grã-Bretanha a Bangcoc, provocando especulações de que ela seria solta em breve, mas a embaixada birmanesa rejeitou nesta segunda-feira a solicitação de visto de entrada para ele.

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