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Uma passeata com milhares de venezuelanos percorreu neste sábado as ruas de Caracas em apoio à emissora Rádio Caracas Televisión (RCTV), que não deverá ter a sua concessão renovada no próximo dia 28 de maio. A manifestação atravessou as principais ruas da capital, terminando em frente à emissora, onde se concentraram jornalistas, atores e outros empregados da RCTV, além de políticos e simpatizantes da oposição, com bandeiras da Venezuela e cartazes defendendo a liberdade de imprensa.

- Queremos uma TV livre, que não dependa de quem ostenta o poder - disse a jornalista Erika Corrales, que trabalhou vários anos na RCTV.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusa a emissora de apoiar o golpe 2002, que o afastou do poder por menos de 48 horas, exibindo desenhos animados e filmes em vez de manifestações em seu apoio. Já a oposição acusa Chávez de tentar fechar os meios de comunicação que se opõem a ele. Segundo a oposição, com a não renovação Chávez tenta silenciar um crítico a seu governo, ao mesmo tempo em que lança uma advertência a outros canais de TV e rádio.

A decisão de Chávez foi criticada por grupos internacionais que defendem a liberdade de imprensa e pela Igreja Católica.

Enquanto a passeata a favor da RCTV se encaminhava para a emissora, centenas de simpatizantes de Chávez, com bonés e lenços vermelhos, reuniram-se numa praça de Caracas para apoiar o fim da concessão.

- Eles são falsos, são golpistas - disse Sendy Salas.

Mais tarde, o ministro da Comunicação da Venezuela, William Lara, afirmou ter "informações precisas" de que importantes meios de comunicação latino-americanos estão na iminência de lançar uma campanha articulada na tentativa de denegrir o governo Chávez. Segundo Lara, jornais de vários países da região vão publicar simultaneamente reportagens que projetarão "uma imagem distorcida" da realidade venezuelana.

Enquanto isso, a oposição no país convoca novas manifestações contra Chávez. O presidente da Aliança Bravo Povo, Antonio Ledezma, acusou o governo de tentar impedir a passeata deste sábado.

- O governo fez o impossível para sabotar a marcha - disse Ledezma, acrescentando que obstáculos colocados nas ruas atrasaram a concentração de manifestantes.

Centenas de policiais, incluindo batalhões de choque, foram enviados para o centro de Caracas para evitar confrontos, mas não houve violência. Ledezma disse que começava neste sábado a "hora zero" em defesa da liberdade de expressão. Ele convocou uma nova passeata para o dia 26. Para o próximo domingo, dia 29, está marcada uma "Caravana Roda com a Liberdade".

Já o vice-presidente da RCTV, Eduardo Sapene, disse que a passeata era uma manifestação de democracia:

- O que pretendem é calar uma voz importante, uma tribuna para o povo venezuelano.

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