
Sírios receberam ontem em seus celulares SMS (mensagens de texto) assinadas pelo Exército, ordenando que os grupos armados contrários ao regime de Bashar Assad se rendam e dizendo ter iniciado contagem regressiva para expulsar do país estrangeiros envolvidos na insurgência.
Em resposta, os rebeldes disseram ter lançado uma "grande ofensiva" sobre Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, palco dos principais combates entre os insurgentes e as forças da ditadura. Ontem, relatos de ativistas e testemunhas davam conta de combates em 14 distritos da cidade.
Esses relatos, porém, não podem ser confirmados de maneira independente em razão da censura imposta pelo governo sírio à imprensa.
Depois de terem registrado um avanço importante no final de julho, no início dos combates, os insurgentes se limitaram a defender suas posições diante do poderio de fogo das forças do governo.
As linhas de frente estão no centro da cidade, e os dois lados estão envolvidos em uma guerra de guerrilha, em que franco-atiradores desempenham um papel importante.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 30 mil pessoas morreram desde o início do confronto, há 18 meses. A ONU (Organização das Nações Unidas) informa que, no período, cerca de 250 mil pessoas pediram refúgio em países vizinhos e 2,5 milhões precisam de ajuda humanitária.
Refugiados
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o número de refugiados sírios pode chegar a 700 mil até o fim do ano. Por isso, a entidade aumentou para US$ 490 milhões o pedido total de fundos para ajuda aos refugiados. Até agora os doadores deram US$ 141,5 milhões em auxílio para os que fogem da guerra civil na Síria. O ACNUR e outras organizações estimam que 294 mil pessoas já deixaram a Síria. "Nós temos apenas um terço dos recursos de que necessitamos para dar uma resposta (adequada ao problema)", afirmou Panos Moumtzis, um dos coordenadores do ACNUR. "Estamos correndo contra o tempo".
Violência
Mais de 300 pessoas foram mortas na quarta-feira na Síria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, num dos mais violentos dias em 18 meses de rebelião contra o presidente Bashar al-assad.
Líderes mundiais reunidos nas Nações Unidas têm expressado preocupação com o conflito, mas não chegam a um acordo sobre como resolvê-lo.
Com base em relatos recebidos de ativistas na Síria, a entidade afirmou em relatório divulgado ontem que mais 55 pessoas foram mortas em zonas rurais ao redor de Damasco, incluindo pelo menos 40 que parecem ter sido executadas a sangue frio na localidade de Al Dhiyabia, a sudeste da capital.
Outros ativistas disseram que até 107 pessoas foram mortas em Al Dhiaybia, e culparam as forças de segurança pelo que disseram ser um massacre. Vídeo publicado por ativistas mostrou fileiras de corpos ensanguentados envoltos em cobertores.



