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A Gazeta do Povo publica, com exclusividade no Brasil, o perfil do cardeal Mauro Piacenza preparado pelos vaticanistas Diane Montagna e Edward Pentin, autores do projeto The College of Cardinals Report. Jornalistas com décadas de experiência na cobertura do Vaticano, Montagna e Pentin escreveram perfis de todos os cardeais apontados como principais candidatos a suceder Francisco no comando da Igreja Católica, com informações biográficas e suas posições sobre temas em debate dentro da Igreja.
O cardeal Mauro Piacenza é filho único, cujo pai era oficial da Marinha Mercante. Os primeiros estudos de Mauro foram em Estudos Clássicos e depois em Ciências Políticas, até entrar no seminário maior de Gênova, em 1964.
Foi ordenado sacerdote em 1969, pelo cardeal Giuseppe Siri. Durante a década de 1970, Piacenza exerceu simultaneamente uma série de funções: de 1970 a 1975, foi vigário paroquial; de 1973 a 1978, foi diretor espiritual no seminário; e de 1975 a 1976, estudou na Universidade Lateranense, em Roma, obtendo uma licença em Direito Canônico summa cum laude. Da mesma forma, de 1970 a 1990, foi juiz do tribunal diocesano. De 1978 a 1990, lecionou Direito Canônico em uma universidade, e também foi processor na escola secundária onde ele mesmo havia estudado, Cristoforo Colombo. Durante esse período, gravou programas catequéticos semanais na rede de televisão local e foi um visitador oficial de muitas comunidades religiosas, enquanto pregava vários exercícios espirituais para clérigos, seminaristas, religiosos, religiosas e leigos. Seus numerosos escritos se concentram na formação espiritual, especialmente para o clero.
Em 1990, Piacenza foi chamado a Roma para trabalhar na Congregação para o Clero. Ele foi nomeado secretário em 2000; em 2003, o papa João Paulo II nomeou Piacenza para ser presidente da Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja. No mesmo ano, Piacenza foi sagrado bispo pelo cardeal Tarcisio Bertone (então arcebispo de Gênova), com o cardeal Darío Castrillón Hoyos, então prefeito da Congregação para o Clero e presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, como co-consagrante.
Piacenza é o que alguns podem chamar de “um padre de padres”, alguém procurado para pregar retiros, e que trabalha de forma eficaz e discreta também quando se trata de defender a ortodoxia contra erros dentro da Igreja
Em 2004, João Paulo II nomeou Piacenza presidente da Comissão Pontifícia para Arqueologia Sacra. Bento XVI escolheu Piacenza para liderar a Congregação para o Clero em 2010 e, no mesmo ano, elevou-o ao cardinalato. Desde 2011, o cardeal Mauro Piacenza serviu como presidente da Ajuda à Igreja que Sofre, uma fundação pontifícia que ajuda cristãos perseguidos.
Em 2013, o papa Francisco escolheu o diplomata cardeal Beniamino Stella, anteriormente núncio em Cuba e Colômbia, para a chefia da Congregação para o Clero, e promoveu Piacenza a penitenciário-mor – o chefe da Penitenciária Apostólica, o mais alto tribunal da Igreja, responsável por questões relacionadas ao perdão dos pecados.
Priorizando a salvação das almas acima de tudo, o cardeal Mauro Piacenza tem uma vasta experiência como professor e guia espiritual. Sua devoção à Eucaristia e à Santíssima Virgem Maria ajudou de uma forma particular em seu trabalho em prol dos padres na Congregação para o Clero, onde trabalhou por mais de 20 anos, chegando ao cargo de prefeito. Ele foi uma escolha óbvia para chefiar a congregação, sendo o que alguns podem chamar de “um padre de padres”, alguém procurado para pregar retiros, e que trabalha de forma eficaz e discreta também quando se trata de defender a ortodoxia contra erros dentro da Igreja.
Seu trabalho em Gênova, e depois em Roma, no cuidado com os tesouros culturais da Igreja é uma manifestação de seu compromisso em manter as tradições católicas e torná-las acessíveis às novas gerações. Ele defende com firmeza todas as doutrinas da Igreja em questões morais, afirmando claramente os ensinamentos magistrais sobre questões como aborto, barriga de aluguel e a necessidade de evangelizar culturas não cristãs. Para o cardeal Mauro Piacenza, não há dúvida de que o sacerdócio na Igreja latina deve permanecer restrito a homens celibatários, sem espaço nem para a “cultura homossexual” no seminário ou na casa paroquial, nem para a ordenação de mulheres. Ele luta discretamente contra ideias revolucionárias enquanto promove os princípios corretos, e tem a reputação de ser um bom juiz de caráter, colocando pessoas fiéis nos cargos certos.
Homem de grande discrição, o cardeal Mauro Piacenza tem experiência comprovada na academia, na administração e no trabalho pastoral
Corrigindo um falso senso de misericórdia, o cardeal Mauro Piacenza frequentemente recorda a beleza e eficácia do sacramento da Confissão como um remédio para muitos males enfrentados pelas pessoas atualmente. O evangelho é para migrantes também, ele diz, de modo que todo cuidado com refugiados deve incluir um componente espiritual para garantir que eles tenham a oportunidade de encontrar Cristo quando também buscam bem-estar material. Ele também tem uma preocupação especial com os perseguidos.
Homem de grande discrição, o cardeal Mauro Piacenza tem experiência comprovada na academia, na administração e no trabalho pastoral. Ele demonstra piedade e reverência no culto, lida com situações difíceis com sensibilidade e possui conhecimento detalhado e respeito pelas vocações religiosas.
Dadas suas comprovadas habilidades administrativas e profunda sensibilidade espiritual, o cardeal Piacenza demonstrou ter qualidades que certamente seriam adequadas a um pastor não apenas na Itália, mas em uma função mais ampla.
Ele se aposentou como penitenciário-mor da Penitenciária Apostólica em 6 de abril de 2024, aos 79 anos.
O que o cardeal Mauro Piacenza pensa sobre…
Ordenação de diaconisas: É contra. O cardeal Mauro Piacenza disse que a “tradição apostólica” sobre o assunto tem sido “inequivocamente clara” e “sempre reconheceu que a Igreja não recebeu de Cristo o poder de conferir ordenação às mulheres”. Para ele, isso se estende ao diaconato feminino.
Bênção para casais do mesmo sexo: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Tornar opcional o celibato para os padres: É contra. O cardeal Piacenza tem sido firme em sua oposição à mudança da regra do celibato, vendo-o como “um dom precioso dado por Deus à sua Igreja e como um sinal do reino que não é deste mundo – um sinal do amor de Deus por este mundo e do amor indiviso do padre por Deus e pelo povo de Deus”.
Restrições à missa tridentina: É contra. Embora o cardeal Piacenza não tenha falado publicamente sobre o assunto, sabe-se que, em particular, ele é contra as restrições.
Acordos secretos entre China e Vaticano: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Promover uma “Igreja sinodal”: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Foco nas mudanças climáticas: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Reavaliar Humanae vitae: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Comunhão para divorciados “recasados”: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
“Caminho sinodal alemão”: Não se sabe. Não foi possível encontrar nenhuma declaração do cardeal Piacenza sobre o assunto.
Dados pessoais
Nome: Mauro Piacenza
Data de nascimento: 15 de setembro de 1944 (80 anos)
Local de nascimento: Gênova (Itália)
Criado cardeal: 20 de novembro de 2010, por Bento XVI
Posição atual: penitenciário-mor emérito do Supremo Tribunal da Penitenciária Apostólica
Lema: Una quies in veritate (“Um descanso na verdade”)
© 2025 The College of Cardinals Report. Publicado com permissão. Original em inglês: Cardinal Mauro Piacenza



