Nova Iorque Três equipes de cientistas anunciaram ter produzido células equivalentes a células-tronco embrionárias, em camundongos, sem destruir embriões.
Os cientistas fizeram com que células da pele se comportassem como células embrionárias. Se o mesmo puder ser feito com células humanas, o processo poderá levar a um salto na medicina sem entrar na disputa ética e política em torno da manipulação de embriões.
"Acho que é uma das coisas mais estimulantes a surgir a respeito de células-tronco embrionárias", diz o cientista Asa Abeliovich, da Universidade Columbia, que não tomou parte nos trabalhos. "Estou convencido de que é para valer."
Células-tronco embrionárias são valorizadas porque podem dar origem a todos os tipos de tecido. Especialistas crêem que poderão ser usadas em transplantes e para mitigar doenças que vão da diabete ao mal de Parkinson.
Para obter células-tronco embrionárias humanas, é preciso destruir embriões, medida que encontra oposição em círculos religiosos e conservadores.
Abeliovich e outros cientistas advertem que ainda é preciso pesquisar mais para determinar se o avanço científico mais recente poderá dar origem a terapias úteis para seres humanos. O procedimento usado nos camundongos, por exemplo, não seria adequado, e não se sabe se os resultados obtidos nos animais poderão ser reproduzidos em células humanas.
"Ainda temos um longo caminho", disse outro especialista em células-tronco que não tomou parte nos estudos, John Gearhart, da Universidade Johns Hopkins.
E o resultado não significa que os estudos com embriões humanos deveriam ser abandonados, dizem cientistas. "Simplesmente, não sabemos qual abordagem... funcionará melhor", disse o líder de uma das três equipes responsáveis pelos novos resultados, Konrad Hochedlinger, do Instituto de Células Tronco de Harvard.
Cientistas tentam, há tempos, reprogramar células normais para que ajam como células-tronco. Hochedlinger e um membro de uma segunda equipe disseram que seus estudos não tiveram como motivação uma tentativa de aplacar os críticos das pesquisas com embriões, e sim entender como a reprogramação de células funciona.
Mas um importante crítico dos estudos com embriões saudou a descoberta. "Isso é o que esperávamos que as pessoas explorassem, porque pode ter todas as vantagens das células-tronco embrionárias sem o problema moral", disse o vice-diretor de atividades contra o aborto da Conferência dos Bispos dos EUA, Richard Doerflinger.



