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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, escreveu um longo post no X em resposta ao mandatário americano, Donald Trump, que na quarta-feira (10) disse que, após o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o líder colombiano “será o próximo” alvo das ações americanas contra o narcotráfico na América Latina.
“Trump está muito mal informado sobre a Colômbia. É uma pena, porque ele está desconsiderando o país que mais entende de tráfico de cocaína. Parece que seus interlocutores o estão enganando completamente”, afirmou Petro.
O presidente da Colômbia alegou que seu país está realizando uma série de ações contra o tráfico de drogas, como “mais de 1.446 operações terrestres contra os cartéis”, “13 bombardeios com o objetivo de localizar seus líderes” e apreensão de 2,7 mil toneladas de cocaína, o que chamou de “maior apreensão da história mundial”.
“Isso equivale a 32 bilhões de doses que nunca chegaram aos EUA ou a outros países consumidores”, afirmou Petro.
O presidente colombiano disse que “os chefes dos cartéis de cocaína vivem em iates perto de Dubai e em Madri e negociaram com a Justiça dos Estados Unidos” e argumentou que tais conversas ajudam a aumentar a violência do narcotráfico na Colômbia e a exportação de drogas para outros países.
“Não é positiva a cláusula de delação premiada entre a Justiça americana e os narcotraficantes colombianos, restringindo-os de levar mais cocaína para os EUA, mas sem considerar o resto do mundo. Esses mesmos traficantes acabam retornando à Colômbia para matar e exportar cocaína para o resto do mundo. É assim que acabam se fortalecendo como cartéis multinacionais”, acusou o mandatário esquerdista.
Ontem, Trump disse a jornalistas na Casa Branca que Petro “tem se mostrado bastante hostil” aos americanos e que a Colômbia “tem fábricas de cocaína” e vende a droga “diretamente para os Estados Unidos”.
“Então é melhor ele [Petro] ficar esperto, ou será o próximo. Ele será o próximo, e espero que esteja ouvindo. Ele será o próximo”, afirmou o presidente americano.
Desde o final de agosto, Washington enviou embarcações militares, inclusive o maior porta-aviões do mundo, e caças para o Mar do Caribe, perto da Venezuela, e ao Oceano Pacífico, próximo da Colômbia, para uma operação que por ora resultou em 22 ataques a 23 embarcações que alegou terem ligações com o narcotráfico. Ao menos 87 pessoas foram mortas nestas ações.
Nas últimas semanas, Trump tem afirmado que essa operação será ampliada e incluirá ataques por terra na Venezuela. Em entrevista ao site Politico na segunda-feira (8), o mandatário americano disse que Maduro está com os dias “contados”.
Em outubro, depois que Petro criticou a operação, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções econômicas ao presidente colombiano, à esposa dele, Veronica del Socorro Alcocer Garcia, ao filho mais velho dele e a Armando Benedetti, ministro do Interior, alegando que Bogotá permitiu que os cartéis de drogas “florescessem” e “se recusou a parar suas atividades”.
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