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As planícies que cobrem a crosta do hemisfério norte marciano escondem crateras em forma de conchas, que teriam sido tapadas com lava vulcânica e depois com sedimentos arrastados por água e vento, uma descoberta que segundo os geólogos confirma que a área é muito mais antiga do que se imaginava.

As crateras encobertas no hemisfério norte marciano foram detectadas pelo radar MARSIS, a bordo da nave Mars Express da Agência Espacial Européia (ESA), segundo publica a revista "Nature" em seu último número.

Uma equipe de cientistas dirigida por Thomas R. Watters analisou os dados obtidos pelo radar de pesquisa da nave Mars Express, que transmite ondas de rádio que passam através da superfície marciana que remete ecos, o que permite o estudo de suas camadas profundas a partir do contraste de propriedades elétricas.

Trata-se do primeiro projeto de prospecção de um planeta com radares de som, explicou o cientista Watters, acrescentando que os dados obtidos confirmam que "algumas das circulares e toscas depressões topográficas nas terras baixas de Marte, situadas no hemisfério norte, estão relacionadas com impactos".

O radar MARSIS, que envia sinais de rádio à superfície de Marte, recebeu ecos de retorno "que não vinham de reflexos da superfície nem de suas planícies, mas de formações mais profundas, enterradas", continuou o cientista.

Acrescentou que "os ecos apareciam como formações circulares, o que faz pensar com bastante probabilidade que se trate das bordas de crateras enterradas e geradas por impactos, muitos deles sem expressão na topografia", acrescentou.

"As terras baixas enterradas sob as planícies na crosta norte de Marte são de uma idade antiga, talvez tão antigas como as terras altas da crosta sulina, coberta de crateras", prosseguiu.

Para explicar os impactos de crateras ocultas no hemisfério norte, Watters diz que a crosta marciana abrupta nessa região teria sido enterrada com grandes quantidades de lava vulcânica e posteriormente com sedimentos de possíveis correntes de água e vento.

A determinação da idade da crosta marciana na região norte assim como a das planícies que a cobrem ajudaria a compreender a origem de essa "dicotomia" geológica entre ambos hemisférios e a evolução do interior do planeta.

As terras do sul se denominam altas porque estão mais elevadas que as baixas (no norte) e são as que compõem as partes mais antigas de Marte, com a presença de muitas crateras. Várias teorias tinham sido levantadas para explicar por que a crosta do norte parece tão diferente em relação às terras altas do sul.

Os novos dados obtidos com o radar MARSIS abrangem 14% da superfície das terras baixas do Planeta Vermelho no hemisfério norte. Os mesmos revelam a presença de onze crateras enterradas no norte de Marte, com diâmetros que oscilam entre 130 e 470 quilômetros de longitude.

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