
Paris - O governo francês mobilizou a polícia para dispersar na quarta-feira grevistas que impediam o acesso a depósitos de combustível, enquanto sindicatos prometem manter seus protestos contra a reforma previdenciária a ser votada nesta semana no Parlamento.
As importações de combustível bateram um recorde na terça-feira, disse o governo, que buscava alternativas a uma paralisação de 24 horas no principal terminal marítimo petrolífero do país, perto de Marselha, onde 51 navios petroleiros aguardam para atracar.
Falta combustível em mais de 3.000 dos quase 12,5 mil postos do país, e a polícia pode ser chamada também para liberar o acesso a refinarias em greve, segundo ordens do presidente do país, Nicolas Sarkozy.
A ministra da Economia, Christine Lagarde, disse ao canal TF1 que o governo espera normalizar o abastecimento de combustível em poucos dias.
Ela também pediu às pessoas que provocam tumultos em manifestações e que bloqueiam depósitos de combustível que pensem na imagem da França e na sua necessidade de acelerar sua recuperação econômica.
"Realmente apelo ao senso de responsabilidade das pessoas, particularmente de quem acha engraçado bloquear e quebrar as coisas", disse Lagarde. "É sério para o nosso país, porque a França está perdendo uma chance de sair da crise sob condições melhores que os outros."
Apesar das grandes manifestações desta semana, que inclui a greve em todas as 12 refinarias francesas e em outros setores econômicos, o governo promete não recuar na reforma previdenciária que eleva a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos.
Sarkozy disse que o governo não deixará que o país fique paralisado pelos protestos.
"Se esta desordem não acabasse rapidamente, a tentativa de paralisar o país poderia ter consequências para os empregos, por afetar o funcionamento normal da economia", disse ele a ministros, segundo o seu gabinete.
Em 2007, uma greve de nove dias nos transportes custou à França cerca de 400 milhões de euros (550 milhões de dólares) por dia, segundo o Ministério da Economia, embora analistas não considerem que a atual greve irá custar tanto.
Às vésperas da votação da reforma no Senado, sindicatos de petroleiros, caminhoneiros, aeroviários e ferroviários tentam pressionar o governo.
Na terça-feira, uma jornada nacional de protesto reuniu entre 1 e 3,5 milhões de pessoas em várias cidades, no maior e mais persistente desafio em toda a Europa às restrições adotadas por vários governos para controlar suas dívidas e seu déficit.
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