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Viatura do NYPD: participação do departamento no orçamento da cidade caiu nos últimos 40 anos
Viatura do NYPD: participação do departamento no orçamento da cidade caiu nos últimos 40 anos| Foto: Corey Ryan Hanson/Pixabay

O Departamento de Polícia da Cidade de Nova York (NYPD, na sigla em inglês) enfrenta uma onda de perda de efetivo, devido ao maior número de pedidos de demissão e aposentadoria em duas décadas.

Segundo dados divulgados pelo jornal New York Post, no ano passado, 1.297 policiais do departamento pediram demissão. Levando-se em conta também os que se aposentaram, 3.701 policiais deixaram a corporação em 2022, o maior número desde 2002.

No ano 2000, o NYPD tinha um efetivo de 40.285 policiais – hoje, é de cerca de 34 mil.

Uma das principais explicações para esse grande número de saídas é a questão salarial, que está empurrando principalmente jovens policiais para outras cidades americanas.

No final do ano passado, o New York Times relatou o caso de uma cidade do estado do Colorado, Aurora, que conseguiu convencer 14 policiais nova-iorquinos a trocar seu emprego na maior cidade americana por um cargo na sua força policial.

Aurora tem uma população de cerca de 400 mil habitantes e um custo de vida bem inferior ao de Nova York, mas o salário inicial no seu departamento de polícia é de cerca de US$ 65 mil anuais. Em Nova York, que tem mais de 8 milhões de habitantes, os ganhos iniciais somam aproximadamente US$ 42,5 mil por ano.

De acordo com o think tank Manhattan Institute, a participação do NYPD no orçamento da cidade, que era de 5,2% em 1980, caiu para 4,9% em 2021.

Policiais que permanecem na corporação reclamam do excesso de horas extras e também que o trabalho policial em Nova York ficou mais difícil devido a mudanças nas leis estaduais e municipais.

“Especificamente, as leis definidas por Albany [capital do estado de Nova York] e pela Câmara Municipal tornaram o policiamento muito difícil na cidade de Nova York”, afirmou Joseph Giacalone, sargento aposentado do NYPD e professor adjunto do John Jay College of Criminal Justice, em entrevista à Fox News.

“É por isso que eu acho que muitos policiais estão apenas jogando as mãos para o alto e dizendo: ‘Não consigo mais fazer esse trabalho’”, acrescentou.

Em 2019, o estado de Nova York aboliu a exigência de pagamento de fiança para liberar presos suspeitos de determinados crimes, como perseguição, agressão sem ferimentos graves, roubo, alguns delitos relacionados a drogas e até mesmo certos tipos de incêndio criminoso.

Diante do aumento da criminalidade, em 2020 o então governador Andrew Cuomo reverteu parte da lei e ampliou as possibilidades para juízes do estado arbitrarem fiança, embora não tenha retomado a legislação anterior a 2019.

Entidades representativas dos policiais nova-iorquinos também criticam uma lei municipal de 2021 que extinguiu a imunidade qualificada para a categoria, que a protegia contra processos civis.

Em artigo recente para o site City Journal, Dorothy Moses Schulz, pesquisadora adjunta do Manhattan Institute, mencionou que outro problema que vem provocando a saída de policiais do NYPD são as demonstrações de hostilidade.

“Tais incidentes vêm sendo registrados em vídeo há anos. Em julho de 2019, por exemplo, uma multidão zombou de policiais que faziam uma prisão. Nesse vídeo, visualizado 118 mil vezes, transeuntes no Harlem jogaram baldes d’água nos policiais e um deles foi atingido por um balde”, relatou Schulz.

O prefeito democrata de Nova York, Eric Adams, declarou este mês que a cidade e os Estados Unidos vivem “uma crise de aplicação da lei” e prometeu mudanças para aumentar o efetivo do NYPD.

“Acho que falhamos porque estávamos saindo [em busca de policiais] e não recrutando na capacidade que deveríamos ter. Estamos mudando isso”, afirmou Adams, sem dar maiores detalhes.

No ano passado, Nova York registrou 433 homicídios, uma redução de 11% na comparação com 2021, mas o aumento nos números de outras ocorrências, como roubos e arrombamentos, fez o total geral de crimes registrados na cidade crescer 22%.

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