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Pelo menos seis pessoas, entre elas dois políticos, ficaram feridas em manifestações contrárias e favoráveis ao presidente equatoriano Rafael Correa — cujos projetos de reformar instituições vêm gerando uma grave crise política no historicamente instável país andino.

Os confrontos começaram quando 20 dos 57 deputados cassados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) na quarta-feira passada tentaram entrar à força na sede do Congresso para reocupar suas cadeiras. Os deputados, que por ordem do TSE deveriam ser substituídos por suplentes nesta terça-feira, foram contidos pela polícia com gás lacrimogêneo e impedidos de entrar no prédio. Pelo menos quatro pessoas (um deputado demitido, um vereador, um policial e um manifestante pró-Correa) ficaram feridas.

Horas mais tarde, ao menos duas pessoas ficaram feridas por motociclistas que dispararam contra seguidores dos deputados cassados, que se reuniam diante de um hotel, segundo parlamentares e testemunhas.

Os 57 deputados foram cassados pela corte eleitoral do Equador porque se opunham à realização, no dia 15 de abril, de um referendo sobre a convocação de uma Assembléia Constituinte, com a qual Correa pretende tirar poderes dos partidos tradicionais e levar o país ao socialismo.

- Se querem dissolver o Congresso que dissolvam, mas estaremos aqui, não permitiremos uma ditadura - disse a jornalistas a deputada cassada Silka Sánchez, acusando Correa de tentar se perpetuar no poder e instalar um regime totalitário por meio da Constituinte.

A invasão dos deputados oposicionistas acabou não surtindo efeito, pois não havia quorum para uma sessão.

- Estamos numa busca permanente por tranqüilidade - disse Jorge Cevallos, presidente da Câmara, sobre sua decisão de suspender as sessões até a próxima terça-feira para dar espaço a uma solução "política.''

Ele se negou a dar posse aos suplentes dos cassados.

Ao menos dois deputados ficaram levemente feridos no confronto no Congresso. Em meio ao confronto, Correa disse que a Constituinte seria ''necessária, jamais suficiente para tirar o país do bloqueio em que nos mergulhou a partidocracia.''

A busca por uma solução legal à crise se extinguiu na terça-feira, quando o Tribunal Constitucional rejeitou por falhas de fundo e de forma um processo movido pelo Congresso para determinar se a corte eleitoral tinha autoridade para destituir os deputados.

A paralisação do Congresso é inédita num país que teve a destituição de três presidentes na última década.

A oposição acusou o governo de ter pressionado o Tribunal Constitucional com ameaça de destituir seus nove membros se estes aceitassem o processo movido pelo Congresso.

A pequena bancada leal ao presidente se recusa a comparecer ao Congresso enquanto não se resolva a polêmica sobre as cassações, o que agrava a crise.

A turbulência no Equador provoca alerta em Wall Street, que ainda não digeriu as promessas de Correa, no cargo desde janeiro, de reestruturar a dívida externa do país.

- O confronto poderia começar a erodir os fundamentos macro do país - disse o analista Alberto Ramos, da Goldman Sachs, temeroso de que o conflito precipite uma moratória na dívida equatoriana, que em janeiro superava US$ 10,2 bilhões.

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