Polícia reprime protestos de advogados contra o Estado de Exceção no Paquistão

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Advogados lideraram nesta segunda-feira diversos protestos em diferentes cidades do Paquistão contra o Estado de Exceção decretado no sábado pelo presidente Pervez Musharraf. Policiais recorreram a cassetetes e gás lacrimogêneo para reprimir as manifestações, a primeira grande reação à medida de Musharraf. Cerca de 1500 advogados foram presos em todo o país, e os acessos às Cortes das grandes cidades foram fechados, segundo a rede de televisão CNN.

Na cidade de Lahore, cerca de dois mil advogados e ativistas opositores tentaram entrar no edifício do Tribunal Superior da cidade e foram reprimidos pelas forças de segurança. A polícia também reagiu com violência a protestos nas cidades de Peshawar, Karachi e Rawalpindi.

Em decisão que provocou críticas da comunidade internacional, inclusive dos Estados Unidos - um de seus principais aliados -, Musharraf declarou Estado de Emergência no sábado, suspendendo a Constituição e demitindo Juízes da Suprema Corte. O presidente, que atribuiu a medida a uma tentativa de controlar a onda de violência no país e reduzir a ação do Judiciário sobre o governo, desmentiu rumores de que esteja sobre prisão domiciliar.

O presidente do Supremo, Iftikhar Chaudhry, e outros oito juízes da corte declararam ilegal e inconstitucional a nova ordem imposta pelo governo, mas foram colocados sob custódia.

- Hoje é um dia-chave para o Paquistão, porque é o primeiro dia de trabalho do novo Tribunal Supremo. Um grande número de juízes disse 'não' ao Estado de Exceção e não vamos tolerar a suspensão da Constituição - afirmou o advogado Fakhruddin Ebrahim.

Durante as manifestações, o novo chefe do Tribunal Supremo, Abul Hameed Dogar, decidiu não ir nesta segunda-feira à Corte, e assegurou que tinha que "deixar morrer" as emoções dos advogados antes de retomar a atividade. Dogar é um dos quatro juízes do Supremo que renovou seu juramento de lealdade ao presidente Musharraf, depois que este deixou de "mãos atadas" a cúpula do Supremo com a declaração do Estado de exceção.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, disse no domingo que os EUA vão rever a ajuda financeira de bilhões de dólares dada ao Paquistão. Com as transmissões de televisão e da mídia eletrônica suspensas, a embaixada do país em Islamabad informou que estava "gravemente preocupada" com as restrições impostas pelo Paquistão à imprensa do país e com as prisões de advogados, políticos e ativistas de direitos humanos.

"Nós pedimos ao governo do Paquistão que acabe imediatamente com as ordens de prisões e permita que a imprensa leve ao ar suas programações, assegurando que todos os cidadãos possam ter um papel construtivo no caminho de paz em direção às eleições democráticas", disse a embaixada em um comunicado na noite de domingo.