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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

A supervisora da operação policial que resultou na morte de Jean Charles de Menezes sabia que o brasileiro não era o suspeito de terrorismo que estava sendo procurado, disse uma testemunha do caso à Justiça britânica.

Um coordenador da equipe de vigilância identificado apenas como Owen afirmou que em nenhum momento da operação Jean Charles foi "positivamente identificado" como o suposto homem-bomba Hussain Osman.

A informação teria sido passada à supervisora da operação, a comandante Cressida Dick, antes que o brasileiro fosse morto com sete tiros na cabeça, dentro de uma estação de metrô no sul de Londres.

"Houve um momento em que o grupo de gerenciamento sabia que não se tratava de Nettletip (codinome de Osman). Acho que isso foi mencionado pela comunicação interna de rádio", declarou Owen na sessão de sexta-feira.

"A orientação era para que eles (a equipe de vigilância) o parassem, e para que os policiais anti-terror reunissem material de inteligência sobre os blocos de apartamento (em que ele vivia)."

"Se ele morasse próximo (de Osman), poderia nos contar alguma coisa relevante."

Durante o depoimento, a promotora, Clare Montgomey, perguntou a Owen se Jean Charles havia sido positivamente identificado como uma pessoa diferente do homem que a Scotland Yard procurava.

"Sim", respondeu o policial.

As informações serão consideradas pelo júri, que volta a se reunir na segunda-feira, para esclarecer as circunstâncias da operação que resultou na morte de Jean Charles.

Informações divulgadas nos últimos dias dão conta de que, antes de ser morto, Jean Charles ainda teve tempo de tomar um ônibus e embarcar em um vagão de metrô na estação de Stockwell.

As circunstâncias do episódio ainda não estão claras, mas um registro da própria Cressida Dick lida para o júri afirma que partes da ação foram "péssimas", e ocorreram "sem estrutura".

Outra testemunha identificada apenas como Pat revelou que as condições de comunicação eram difíceis na sala de comando da Polícia Metropolitana.

"As pessoas estavam gritando para serem ouvidas. Eu tinha dificuldade de chamar a atenção das pessoas porque não podia me ausentar do meu lugar", afirmou o policial.

Segundo ele, a comunicação da polícia via rádio parecia apresentar problemas no dia da morte de Jean Charles. "Mas isto não é incomum", acrescentou.

O julgamento, na Corte de Old Bailey, em Londres, avalia se a Polícia Metropolitana se colocou ilegalmente o público em risco durante a ação.

Só depois deste primeiro processo é que será conduzido um inquérito sobre as circunstâncias que levaram à morte do brasileiro.

A Justiça britânica decidiu que o inquérito em relação ao caso deve ser conduzido independentemente do resultado do julgamento quanto às leis de segurança.

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