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Manifestantes entraram em confronto com a polícia iraniana | AFP
Manifestantes entraram em confronto com a polícia iraniana| Foto: AFP

Centenas de jovens gritavam "morte do ditador" enquanto fugiam dos ataques da polícia na capital iraniana, Teerã, durante protesto realizado nesta quinta (9). Ativistas da oposição realizaram novas manifestações apesar da promessa das autoridades de "esmagar" qualquer tipo de ato contra o resultado da eleição presidencial no Irã.

Há dias os partidários do líder da oposição Mir Hossein Mousavi vinham convocando protestos em Teerã e em outras cidades iranianas para esta quinta (9), a primeira tentativa significativa de retomar as ruas desde que as forças de segurança interromperam as manifestações, há quase duas semanas.

O governador de Teerã, Morteza Tamaddon, disse que qualquer nova manifestação sofreria o mesmo tipo de resposta policial. "Se algumas pessoas planejam medidas contra a segurança ouvindo a convocação de redes contrarrevolucionárias, elas serão esmagadas sob os pés de nosso povo", afirmou ele, segundo informações divulgadas na noite de ontem pela agência de notícias Irna.

Grupos de policiais uniformizados estavam posicionados nos cruzamentos e integrantes da milícia pró-governo Basij à paisana eram vistos ao longo da rua da Revolução e na Universidade de Teerã, alguns dos locais para onde os protestos foram convocados. Ainda assim, um grupo de cerca de 300 jovens se reuniram em frente à universidade e começaram a gritar "morte ao ditador", disseram testemunhas. Muitos deles usavam máscaras cirúrgicas verdes, a cor do movimento de Mousavi.

A polícia agrediu o grupo usando cacetetes, porém, os manifestantes fugiram, se reagruparam em outra esquina e voltaram a gritar. A polícia os seguiu repetidamente, mas os manifestantes continuaram a se reagrupar, segundo testemunhas que falaram sob condição de anonimato. No período de uma hora, o número de manifestantes subiu para cerca de 700 e eles foram na direção dos portões da Universidade de Teerã. Uma linha de policiais bloqueava o caminho, mas eles não fizeram nada para dispersar os jovens, que mantiveram a marcha e continuaram a gritar.

Em uma outra rua, houve o encontro de cerca de 200 manifestantes. A polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los, mas, novamente, os jovens se reagruparam em outro lugar, disseram testemunhas. Foram a primeiras manifestações de rua em 11 dias, embora não possam ser comparados aos protestos que reuniram centenas de milhares de pessoas logo após a eleição presidencial do dia 12, que reelegeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Há uma década, milhares de estudantes tinham se concentrado no campus para protestar contra o fechamento do jornal reformista "Salaam" e contra uma lei aprovada pelo Parlamento que restringia a liberdade de opinião.

A repressão policial concluiu com um morto, centenas de feridos e milhares de detidos.

Nos últimos dias, muitos traçaram paralelismos entre aquelas manifestações e a onda de protestos que sacudiu o país desde que saiu o resultado das eleições de 12 de junho, que a oposição denuncia que foram fraudulentas.

Centenas de milhares de pessoas foram então às ruas, em uma onda de manifestações que foi reprimida com violência pela Polícia e pelos Basij.

Segundo números oficiais, nas últimas três semanas de protestos, morreram pelo menos 20 pessoas, centenas ficaram feridas e vários milhares foram detidos.

As manifestações da oposição foram ilegalizadas pelo regime, que acusa o Ocidente de incitar os distúrbios para provocar o que denominam de uma "revolução de veludo".

O Governo iraniano insiste em que as eleições de 12 de junho foram "as mais limpas" da história do país.

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