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Em depoimento sobre o escândalo dos grampos em tabloides britânicos, o primeiro-ministro David Cameron negou acordos secretos com as empresas de Rupert Murdoch, mas afirmou que a relação entre mídia e políticos havia se transformado em algo "ruim" nos últimos 20 anos. O premier disse que os vínculos se tornaram muito "próximos e não saudáveis" e, mais, haveria uma desconfiança generalizada de ambas partes. Seu depoimento ocorre diante do Inquérito Leveson, encarregada de apurar o caso dos grampos ilegais envolvendo o extinto tabloide "News of the World", no ano passado.

"Virou uma relação ruim. Como podemos melhorar? Acho que parte disso depende de transparência, uma regulação melhor e mais distância, além de respeito", opinou o primeiro-ministro, no depoimento transmitido pela TV britânica.

Cameron negou ter oferecido políticas e benefícios em troca de uma cobertura favorável e disse que as insinuações de Gordon Brown sobre um acordo entre seu partido e a News International são "totalmente sem sentido, do começo ao fim".

Apesar de criticar a relação entre imprensa e políticos, Cameron disse que grande parte da comunicação com o público é feita com a ajuda de jornalistas. Para o premier, o Inquérito Leveson - criado a partir dos ministérios de Cultura e do Interior - é uma chance de recomeço.O depoimento começou às 10h (horário local), e a expectativa é que dure seis horas. O objetivo é explicar as relações de Cameron com o império de mídia do australiano Rupert Murdoch e seus executivos. É o interrogatório mais importante que o premier já teve que enfrentar sobre sua amizade com Rebekah Brooks, a ex-chefe executiva do News International, e Andy Coulson, ex-editor do "News of the World" e ex-diretor de comunicação do próprio Cameron.

Sobre sua relação com Rebekah, Cameron disse que se aproximou da jornalista depois que ela casou com um de seus amigos próximos. Segundo o premier, os encontros entre os dois eram basicamente sociais. A comissão, no entanto, mostrou uma mensagem de texto que foi enviada por Rebekah para Cameron em 2009, quando ele ainda não era primeiro-ministro. No SMS, ela disse estar "torcendo" por Cameron e ainda afirmou "estamos definitivamente nisso junto". No final da mensagem, a jornalista ainda brincou com o slogan da campanha de Barack Obama e assinou "Yes, we Cam", dando sinais de que seria mais íntima do premier do que ele assume.

Quanto a Coulson, o premier assegurou que perguntou sobre os grampos ilegais antes de contratar o ex-editor do "News of the World". Cameron explicou que queria "alguém grande" para trabalhar como diretor de comunicação e achou que um editor de tabloide iria ajudar mais do que outros assessores. O primeiro-ministro ainda admitiu que chegou a conversar sobre Coulson com Rebekah para checar referências antes de contratá-lo.

Cameron ainda deve responder perguntas sobre a suspensão da compra da BSkyB pela News Corporation e os motivos para ele escolher Jeremy Hunt para supervisionar a transação, quando ele sabia que o ministro da Cultura era favorável ao controverso negócio.

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