
O presidente polonês, Lech Kaczynski, alertou ontem contra tentativas de reescrever a história da Segunda Guerra Mundial, enquanto quase 20 líderes europeus se reuniam na costa do Báltico para marcar o 70.º aniversário do início do conflito.
A Rússia e seus ex-aliados do Leste Europeu estão em atrito por causa do papel exercido em 1939 pelo então ditador soviético Josef Stálin, cujo acordo com a Alemanha nazista permitiu a invasão da Polônia e o início da guerra. Enquanto os russos se orgulham profundamente da sua vitória sobre as forças de Adolf Hitler em 1945, os poloneses, bálticos e outros dizem que Stálin também foi diretamente responsável pelo início da guerra, ao dividir a Polônia com Hitler e anexar os países bálticos.
"(Precisamos) nos opor às tentativas de escrever de novo a história, de questionar as verdades da Segunda Guerra Mundial, a escala das vítimas do nazismo e também do comunismo totalitário", escreveu Kaczynski no diário polonês Rzeczpospolita.
Conciliação
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, usou um tom conciliatório durante a cerimônia. "A Rússia sempre respeitou a coragem e o heroísmo dos civis e dos soldados poloneses, que se ergueram contra o nazismo em 1939", disse Putin, ao lado do primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk. "Todas as tentativas de apaziguar os nazistas entre 1934 e 1939, mediante a diversos acordos, foram moralmente inaceitáveis e politicamente absurdas e perigosas", acrescentou o primeiro-ministro russo. "É preciso admitir esses erros e a Rússia já fez isso."
A chanceler (premier) alemã, Angela Merkel, afirmou que o conflito deflagrado pela Alemanha em 1.º de setembro de 1939 trouxe "anos de injustiça, humilhação e destruição para a Polônia e para a Europa. Após lembrar os 60 milhões de mortos nos confrontos, Merkel ressaltou que "não há palavras que consigam descrever nem de perto o sofrimento dessa guerra e do Holocausto." "Dobro-me às vítimas", disse.
Líderes europeus se reuniram na península Westerplatte, em Gdansk, para marcar o exato momento em que o encouraçado alemão Schleswig-Holstein, no tiro de início da guerra, atingiu um pequeno posto militar polonês que abrigava o arsenal da Marinha.
"Westerplatte é um símbolo, um símbolo da luta heroica dos fracos contra os fortes, disse o presidente Lech Kaczynski.
A Segunda Guerra Mundial deixou mais de 50 milhões de pessoas mortas em pouco mais de cinco anos. A maioria das vítimas era de judeus. Na Polônia ficava Auschwitz, Majdanek, Sobibor e outros campos de concentração construídos para aniquilar os judeus da Europa.



