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Mnifestação do movimento pró-vida na Irlanda antes do referendo sobre aborto | Reprodução/Facebook Pro Life Campaing Ireland
Mnifestação do movimento pró-vida na Irlanda antes do referendo sobre aborto| Foto: Reprodução/Facebook Pro Life Campaing Ireland

O resultado do referendo sobre o aborto na Irlanda foi um grande revés para o movimento pró-vida em todo o mundo, principalmente porque o país já foi um bastião dos valores morais católicos. Naturalmente, a pergunta é: qual o próximo passo do movimento pró-vida na Europa? 

Atualmente, a Irlanda do Norte é um dos poucos lugares na Europa Ocidental com leis que resguardam o direito à vida do nascituro. Na onda do referendo na Irlanda, a primeira-ministra Theresa May tem sido pressionada a pedir a liberalização dessas leis. O objetivo de curto prazo do movimento pró-vida é impedir que isto aconteça. 

O que ajuda o movimento pró-vida 

Legalizar o aborto na Irlanda do Norte poderia ser algo imprudente e impossível para May. O tema do aborto foi devolvido à Assembleia da Irlanda do Norte, e, em uma recente votação, em 2016, o legislativo local votou contra a legalização do procedimento em casos de anormalidades no feto. 

O legislativo da Irlanda do Norte está, no entanto, atolado em um impasse entre o Partido Unionista Democrático (DUP), pró-britânico, e o Sinn Fein, o principal partido nacionalista. Mas, é pouco provável que o aborto seja imposto por duas razões. 

A primeira é que May não pode se dar ao luxo de irritar o DUP. Desde que os conservadores perderam a maioria nas eleições gerais de 2017, May teve de apelar ao DUP para obter votos cruciais em assuntos como o orçamento e a saída da União Europeia. Sem os votos do DUP, o governo May pode entrar em colapso, abrindo as portas para um governo trabalhista liderado por Jeremy Corbyn. É algo que os conservadores querem evitar. 

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Em segundo lugar, o governo britânico está tentando garantir que os serviços públicos funcionem sem problemas na Irlanda do Norte, sem governar diretamente o país. 

Apesar de o legislativo norte-irlandês estar suspenso desde 2017, o Parlamento britânico está relutante em impor regras ao país, porque implicaria na anulação do Acordo da Sexta-Feira, a base do processo de paz que assegurou que as discordâncias entre os unionistas e republicanos fossem resolvidos, nos últimos 20 anos, por meio de debates construtivos ao invés de balas. 

Além disso, a paz corre o risco de ser prejudicada por uma briga entre ingleses e a União Europeia, por causa da fronteira entre as Irlandas. Assim, seria insensato, que May impusesse a legalização do aborto. 

Assim, é improvável que o aborto seja legalizado na Irlanda do Norte em um futuro imediato. Mas o que aconteceria se a assembleia do território fosse reativada? 

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Sem sombra de dúvida, políticos do Reino Unido e da Irlanda pressionarão a Assembleia a permitir um referendo sobre o aborto. No passado, o DUP poderia facilmente obstruir a realização da votação por meio da emissão de uma petição de preocupação. Se for invocado este mecanismo exige o apoio de 60% do legislativo, com o apoio mínimo de 40% dos parlamentares unionistas e nacionalistas. 

Entretanto, após perder dez cadeiras nas eleições para a Assembleia em 2017, o DUP já não conta com os 30 membros necessários para ativar unilateralmente uma petição de preocupação. Por isso, tornou-se mais provável que seja realizado um referendo sobre o aborto na Irlanda do Norte. 

Parceria entre Igrejas 

Na Irlanda, a Igreja Católica foi o mais importante oponente ao referendo. Na Irlanda do Norte, ela é apoiada pelo DUP e pela Igreja Presbiteriana. Eles são os principais parceiros no movimento pró-vida. Mas como acontece no Reino Unido, a influência do cristianismo também está diminuindo na Irlanda do Norte. No entanto, em comparação com o resto do Reino Unido, um grande percentual de norte-irlandeses se identificam como irlandeses e frequentam regularmente a Igreja. 

Para o movimento pró-vida ter uma chance de vencer um referendo na Irlanda do Norte, deve começar a tomar medidas para coordenar uma campanha que reúna comunidades protestantes e católicas. Isto exigirá a superação de conflitos sectários que há muito tempo atormentam o país. 

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Apesar de avanços no relacionamento entre protestantes e católicos, as divisões persistem, marcadas pelas celebrações protestantes, a cada mês de julho, da derrocada do rei católico Jaime 2°, na Revolução Gloriosa, em 1688. Estas festividades geralmente terminam em violência e com a atuação de policiais para separa as comunidades. 

Um diálogo ecumênico contínuo poderá ser vital para os esforços do movimento pró-vida na Irlanda do Norte. Também é fundamental que estes ativistas ressaltem a preocupação com a dignidade de cada vida humana, característica dos pensamentos católico e protestante. Uma campanha bem-sucedida na Irlanda do Norte poderia começar a reverter a tendência da Europa em direção a leis mais flexíveis sobre o aborto

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês 
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