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Plataforma para extração de gás natural em Cartagena: plano de governo do presidente eleito prevê que novas licenças para a exploração de hidrocarbonetos não serão concedidas
Plataforma para extração de gás natural em Cartagena: plano de governo do presidente eleito prevê que novas licenças para a exploração de hidrocarbonetos não serão concedidas| Foto: EFE/Ricardo Maldonado Rozo

Durante sua campanha vitoriosa para presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro alegou que os “três principais produtos de exportação” do país são “três venenos”.

“O mais poderoso é o carvão, que extraem do Caribe, La Guajira e Cesar [região e departamentos colombianos]. Depois o petróleo, que tiram do Piedemonte Llanero [sub-região colombiana], e depois a cocaína”, declarou.

Petro planeja durante seu governo iniciar uma transição energética, na qual a economia colombiana em 15 anos deixaria de ser dependente de combustíveis fósseis e privilegiaria fontes de energia limpas.

“Faremos uma desescalada gradual da dependência econômica de petróleo e carvão. Em nosso governo, será proibida a exploração de reservas não convencionais, serão interrompidos os projetos-piloto de fracking e o desenvolvimento de reservas no mar. Não serão concedidas novas licenças para a exploração de hidrocarbonetos, e a mineração em grande escala a céu aberto não será permitida”, aponta o plano de governo do ex-guerrilheiro, que prevê também uma política de compensações para que reservas de carvão e petróleo não sejam exploradas.

Empresários do setor de energia colombiano e especialistas consideram que essas metas podem gerar grandes danos às contas públicas e à economia do país nos próximos anos.

De acordo com a Associação Colombiana do Petróleo e Gás (ACP), se apenas forem mantidos os contratos vigentes para a exploração de hidrocarbonetos, em 2026 a Colômbia precisaria passar a importar gás e em 2028, petróleo para consumo interno.

Alexandra Hernández Saravia, vice-presidente de assuntos econômicos e regulatórios da ACP, destacou em entrevista ao jornal La República os efeitos colaterais que essa situação provocaria.

“Quando um país precisa gastar mais dólares em energia, isso impacta a economia além da conta de gás e dos custos dos domicílios. Há uma questão macroeconômica: o setor sustenta o dólar, o custo dos alimentos, insumos e cartões de crédito”, argumentou.

O veto a novas licenças resultaria numa perda de US$ 45 bilhões em exportações em dez anos, estimou a ACP.

Segundo o site de notícias La Silla Vacía, o petróleo e seus derivados representaram 52% das exportações colombianas no primeiro trimestre deste ano e 8,5% do investimento estrangeiro direto em 2021.

“Fazer uma transição muito rápida [de matriz energética] pode deixar a Colômbia sem os recursos necessários para financiar a mesma transição, mas também para superar os números da pobreza”, apontou o ex-ministro de Minas e Energia Tomas González, hoje diretor do Centro Regional de Estudos Energéticos, ao La Silla Vacía.

Segundo a ACP, se levada a cabo, a política energética de Petro geraria em quatro anos perdas fiscais que representariam 40% do que o governo colombiano gasta em programas sociais.

“A Colômbia tem petróleo e gás, não somos grandes produtores, mas há recursos importantes. O contexto europeu nos ensinou a não depender de outros países para o fornecimento de energia”, alertou Francisco Lloreda, presidente da ACP.

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