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Confira a pesquisa eleitoral para a presidência de Portugal |
Confira a pesquisa eleitoral para a presidência de Portugal| Foto:

O atual presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, de centro-di­­reita, deve ser reeleito neste do­­mingo, segundo as pesquisas de intenção de voto, após uma mo­­dorrenta campanha eleitoral, em consequência dos limitados po­­deres do chefe de Estado no país.

Preocupados com o crescente desemprego, assim como com os três planos austeridade adotados no último ano, os portugueses demonstram pouco interesse por uma votação que tem como única incógnita, segundo os analistas, o nível de abstenção, que pode estabelecer um recorde.

Economista de 71 anos respaldado pelos partidos de direita, Cavaco Silva tem 56% das intenções de voto. Seu maior rival na disputa, o poeta Manuel Alegre, apoiado pelo Partido Socialista e pelo Bloco de Esquerda, tem 25% nas pesquisas. A eleição tem ainda outros quatro candidatos, menos expressivos.

Em 2006, Alegre, de 74 anos, surpreendeu ao superar, com 20,7% dos votos, o candidato do Partido Socialista, o ex-presidente Mario Soares (14,3%). Cavaco Silva, que foi primeiro-ministro entre 1985 e 1995, ganhou no pri­­meiro turno há cinco anos com 50,5% dos votos. "Quanto ao re­­sultado final não há incerteza", destaca João Marcelino, diretor do jornal Diário de Notí­­cias, lembrando que em Portugal todos os presidentes no cargo foram reeleitos no primeiro turno.

Nas ruas, a votação provoca sonolência. "Tudo isso não interessa ninguém", afirma Carlos, dono de um pequeno restaurante popular em Lisboa. "As pessoas têm outras preocupações. Além disso, francamente, está claro que o presidente não serve para nada", completa a esposa do empresário, Catarina, que distribui aos clientes os anúncios dos vizinhos que procuram em­­prego.

Em Lisboa, a campanha foi praticamente invisível, sem cartazes ou panfletos, com os principais partidos relegados a uma eleição extremamente personalizada, em virtude do papel es­­sencialmente moral do chefe de Estado – apesar de o presidente ter a capacidade de dissolver o Parlamento.

No interior do país, os seis candidatos tentaram intensificar o "contato com o povo", nos mercados ou em jantares partidários. Mas o país ficou sem um debate de conteúdo e Cavaco Silva se negou de forma sistemática a responder aos ataques dos adversários, amparado pela condição de chefe de Estado, o que segundo ele o impede de ter "en­­volvimento nas lutas político-partidárias" ou "comentar declarações políticas".

Escândalo

Mesmo o caso do banco BPN, vinculado aos lucrativos investimentos financeiros feitos por Cavaco Silva na década de 2000, foi esvaziado com o silêncio indignado do candidato presidente, depois de ter monopolizado os meios de comunicação por vários dias.

Finalmente, os boatos de que Lisboa vai pedir ajuda internacional para enfrentar a crise fiscal aumentaram ainda mais, segundo os analistas, a desmobilização dos eleitores, ao mesmo tempo que Cavaco Silva intensificava as críticas ao governo socialista, acusado de ter atuado "muito tarde" ante o descontrole das finanças públicas.

"As pessoas sabem que não é o presidente que governa", comenta a cientista política Marina Cos­­ta Lobo. "O presidente é um personagem importante, mas não quem soluciona os problemas econômicos. Quando os portugueses observam que o primeiro-ministro vai a Bruxelas para anun­­ciar medidas de austeridade, en­­tendem que o governo decide pouco e o presidente muito me­­nos", conclui.

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