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O Irã demonstrou frustração hoje com a rejeição internacional, liderada pelos Estados Unidos, de um acordo nuclear fechado entre Teerã, Brasil e Turquia. Segundo o governo iraniano, as potências internacionais ficariam "desacreditadas", caso pressionem por novas sanções ao país no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Washington anunciou ontem que chegou a um acordo prévio com Rússia e China sobre novas sanções ao Irã no CS. Essa seria a quarta rodada de sanções ao país persa por seu programa nuclear. Um dia antes, os líderes brasileiros e turcos fecharam um compromisso visto por eles como um avanço para a resolução do impasse entre o Irã e o Ocidente.

Pelo acordo, o Irã vai enviar boa parte de seu estoque de urânio pouco enriquecido para a Turquia. Em troca, receberá combustível para seu reator de pesquisas em Teerã. "(A negociação sobre a) imposição de sanções perdeu força e esta resolução é o último esforço do Ocidente", afirmou o vice-presidente Ali Akbar Salehi segundo a agência Fars.

Salehi também é chefe da organização de energia atômica do Irã. "Nós devemos ser pacientes, pois eles não prevalecerão e, ao tentar passar uma nova resolução, eles estão desacreditando a si mesmos diante da opinião pública", afirmou Salehi, após um encontro com ministros. "Eles sentem pela primeira vez no mundo os países em desenvolvimento capazes de defender seus direitos na arena mundial, sem depender das grandes potências, e isso é muito duro para eles", completou.

O novo rascunho de resolução no CS expandiria o embargo à venda de armas ao Irã e também tomaria medidas contra o sistema bancário do país. Além disso, proibiria que o Irã realizasse algumas atividades no exterior, como a mineração de urânio e o desenvolvimento de mísseis balísticos, segundo um funcionário dos EUA. "A resolução estabeleceria um abrangente novo paradigma para inspeções de carga, tanto em portos dos Estados como em alto-mar", disse o funcionário a jornalistas, pedindo anonimato.

Os EUA afirmam que o texto tem apoio de todos os membros permanentes do CS: China, Rússia, Grã-Bretanha, França e os próprios EUA. Esses países têm poder de veto no órgão. "Nós chegamos a um acordo sobre um duro rascunho, com a cooperação tanto da Rússia quanto da China", afirmou ontem a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

Notificação

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou hoje que ainda estava aguardando a notificação formal sobre o acordo firmado na segunda-feira. "Eu estou agora esperando a comunicação por escrito do Irã", disse o secretário-geral da AIEA, Yukiya Amano, em Bucareste. Salehi afirmou hoje que o Irã está "preparando a carta (para a AIEA)" e que ela será entregue "no tempo devido".

Potências ocidentais suspeitam que o Irã busque secretamente armas nucleares, o que Teerã nega. O Brasil e a Turquia são membros não permanentes do CS, sem poder de veto. O Irã já sofreu três rodadas de sanções no CS, mas afirma que o acordo com esses países é uma mostra de boa vontade e abre caminho para a retomada das negociações com as potências. As informações são da Dow Jones.

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