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Horas depois de pedir o fim imediato dos protestos na Praça Taksim, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou atrás nas ameaças e disse que estava disposto a ouvir "exigências democráticas" dos manifestantes. A Bolsa de Istambul que havia caído quase cinco pontos na véspera, fechou com alta de 3,2% depois do discurso conciliador do premier.

A pressão da União Europeia, que rejeitou o uso excessivo da violência contra os manifestantes, também ajudou a apaziguar os ânimos na Turquia, que viveu na última semana a maior revolta cidadã contra o poder há pelo menos uma década.

Durante a madrugada, mais de 10 mil seguidores do .Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do premier, foram receber Erdogan aos gritos de "Allah akbar (Deus é maior)" e "Vamos esmagar Taksim". O discurso combativo do primeiro-ministro, que exigia o fim dos protestos, parecia acabar com a via de diálogo aberta pelo vice-premier, Bulent Arinc, que pediu desculpas pela ação da polícia.

"Nos mantemos fortes, mas nós nunca fomos teimosos. Estamos juntos, estamos unidos, somos irmãos", disse Erdogan a milhares de partidários no aeroporto durante a madrugada. "Os protestos beiram a ilegalidade e devem acabar imediatamente", acrescentou.

Mas em seu primeiro ato público nesta sexta-feira, Erdogan tentou acalmar os ânimos. E reiterou sua defesa ao projeto de construção de um centro comercial na área verde perto da praça, que só afetaria a "uma dezena de árvores" e tinha sido apresentado aos turcos antes das eleições.

"Sou contra o terrorismo, a violência, o vandalismo e as ameaças, mas estou aberto a ouvir aqueles que fazem exigências democráticas", afirmou na abertura de um fórum sobre a União Europeia em Istambul.

O premier denunciou ainda uma "campanha de mentiras e desinformação" nas redes sociais a respeito das manifestações, cuja repressão já deixou três mortos e quase 4 mil feridos. Principal alvo dos protestos, Erdogan também atacou os aliados da Turquia que criticaram a brutalidade policial. Apesar do tom conciliador, o primeiro-ministro reiterou que o governo não desistirá do polêmico projeto de reforma na praça - o estopim das manifestações.

Presente no mesmo evento, o comissário europeu para a Política de Aproximação, Stefan Fulle, alertou o governo turco de que o "uso excessivo da força contra os manifestantes não tem lugar em um país que aspira a adesão à União Europeia". A chanceler alemã, Angela Merkel, também condenou a violência policial.

"A Turquia tem que cumprir os mais altos padrões democráticos e investigar e punir os abusos policiais" disse Fulle diante de Erdogan, que se limitou a destacar que outros países europeus, como a Grécia, as forças de segurança também reagiram de maneira contundente em protestos.

"Eventos similares aconteceram em vários outros países, na Grécia, na França, na Alemanha. São todos países da União Europeia", afirmou. "Nosso país alcançou os maiores níveis democráticos de sua história nos últimos anos", afirmou.

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