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O presidente Bashar al-Assad, enfrentando a mais grave crise em seus 11 anos de governo, mobilizou o exército pela primeira vez em Latakia, a principal cidade portuária da Síria, depois de quase duas semanas de protestos que se espalharam por todo o país.

Assad, de 45 anos, que não deu declarações desde que os protestos começaram no país, deve fazer um pronunciamento à nação em breve, informaram seus funcionários, sem dar mais detalhes.

Dezenas de pessoas morreram em manifestações pró-democracia na cidade de Deraa, no sul, e nas proximidades de Sanamein, bem como em Latakia, Damasco e outras cidades ao longo da semana passada. O governo diz que grupos armados não-identificados, possivelmente apoiados por potências estrangeiras, estão tentando incitar o conflito sectário na Síria.

O Ministério da Justiça pediu aos cidadãos pela televisão estatal para ignorar apelos "inverídicos" em mensagens de texto e folhetos para participar de um comício na Praça dos Omíadas de Damasco, no domingo (27). O ministério alerta a população para se manter afastada para a sua própria segurança.

O envio de tropas às ruas de Latakia, no sábado, sinaliza a apreensão crescente do governo sobre a capacidade da polícia em manter a ordem.

Latakia é uma mistura potencialmente volátil de muçulmanos sunitas, cristãos e alauítas que constituem o núcleo de apoio a Assad. Suas zonas residenciais abrigam grandes complexos da polícia secreta.

"Há um sentimento em Latakia de que a presença de tropas disciplinadas é necessária para manter a ordem", disse um morador à Reuters. "Nós não queremos saques".

Estados Unidos não irão intervir

A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse neste domingo (27) que os Estados Unidos lamentam o derramamento de sangue na Síria, mas que uma intervenção ao estilo da Líbia não deve ser esperada.

A agitação na Síria veio à tona depois que a polícia prendeu mais de uma dezena de alunos por fazerem grafites inspirados pelos protestos pró-democracia em todo o mundo árabe.

Tais manifestações seriam impensáveis há alguns meses, no mais rigidamente controlado país árabe, onde o Partido Baath está no poder há quase 50 anos. A Síria conquistou a sua independência da França em 1946.

Assad, um oftalmologista educado na Grã-Bretanha, comprometeu-se a fazer concessões e dar maior liberdade, mas não foi capaz de conter os protestos influenciados por revoltas no Egito e na Tunísia.

Bouthaina Shaaban, assessor de Assad, disse à TV Al Jazeera que a lei de emergência, odiada pelos reformistas da Síria pelos poderes que garante aos serviços de Segurança, seria suspendida, mas não estabeleceu datas.

Advogados afirmam que a lei de emergência tem sido usada pelas autoridades para proibir protestos, justificar as detenções arbitrárias e fechar tribunais além de dar carta branca à polícia secreta e ao aparato de segurança.

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