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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, recorreu pela primeira vez ao decreto que lhe dá novos poderes, ao anunciar no domingo a criação de um fundo de 2,3 bilhões de dólares para reconstrução em áreas atingidas pelas fortes inundações que deixaram mais de 130 mil desabrigados no país.

Chávez deixou a oposição furiosa, acusando-o de agir ditatorialmente, por ter assumido poderes que lhe permitem tomar medidas rápidas nos próximos 18 meses, por decreto, sem precisar do aval do Parlamento.

O presidente venezuelano justificou a medida como necessária para permitir ao governo responder às recentes chuvas torrenciais que devastaram casas, pontes e estradas, causando a morte de cerca de 40 pessoas no país, que tem 29 milhões de habitantes.

Mas críticos dizem que Chávez está aproveitando cinicamente o desastre como uma desculpa para passar ao largo dos partidos de oposição, que terão uma bancada maior --correspondente a cerca de 40 por cento dos assentos-- na próxima Assembléia Nacional, cuja posse será em 5 de janeiro.

"Eles nada fazem pelo povo, e estão tentando fazer com que eu pare de trabalhar pelo povo", disse Chávez, referindo-se a seus críticos, quando anunciou o fundo de reconstrução, seu primeiro decreto com base nos novos poderes.

Segundo o presidente, o Fundo Simón Bolívar --assim chamado em homenagem ao herói da independência do país-- vai começar com um saldo de 10 bilhões de bolívares, ou 2,3 bilhões de dólares, pela taxa intermediária de câmbio no país, correspondente a 4,3 bolívares por dólar.

Uma primeira parcela de 506 milhões de bolívares será destinada à construção de casas no estado de Zulia, noroeste do país, disse Chávez ao visitar a região, acompanhado do presidente da Bolívia, Evo Morales.

"A lei é para isso", disse Chávez, referindo-se ao controverso decreto que ampliou seus poderes, aprovado este mês pelo atual Parlamento em que seus partidários têm maioria esmagadora.

"De onde essas pessoas loucas tiraram a ideia de que (a lei) é para instalar uma ditadura na Venezuela", indagou.

Chávez, que se define como um herdeiro dos ideais de Simón Bolívar, passou o Natal visitando desabrigados pelas enchentes, tendo até mesmo abrigado alguns deles no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.

O líder venezuelano sabe que tem pela frente um período difícil, já que seu partido obteve apenas metade dos votos nas eleições legislativas de setembro. Ele pretende se candidatar à reeleição em 2012.

Os partidos de oposição, unidos em uma coalizão, estão organizando um protesto no ano-novo contra os poderes especiais e já houve atos violentos em manifestações lideradas por estudantes.

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