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Polônia

Presidente indica irmão gêmeo para primeiro-ministro

O presidente da Polônia, o conservador Lech Kaczynski, nomeou na segunda-feira seu irmão gêmeo idêntico, Jaroslaw, para o cargo de primeiro-ministro do país, reforçando as preocupações sobre o acúmulo de poder no país e com a inclinação ao nacionalismo.

Numa decisão surpreendente na sexta-feira, Jaroslaw, líder do partido governista -- o Lei e Justiça -- decidiu substituir o então premier Kazimierz Marcinkiewicz, depois de divergir com ele em relação a nomeações para cargos importantes.

A medida, que requer um voto de confiança no Parlamento para que se torne definitiva, fará dos dois irmãos, veteranos do partido anticomunista Solidariedade, os únicos gêmeos do mundo a deter os principais cargos executivos de um país.

Jaroslaw nunca deteve cargo no governo e não tem a experiência econômica de seu antecessor, Marcinkiewicz. Sua potencial ascensão ao poder abalou os mercados financeiros na sexta-feira.

Mas tanto a moeda polonesa, o zloty, quanto a bolsa de valores se recuperaram na segunda-feira, sustentados pelo forte crescimento econômico no maior país ex-comunista da União Européia, e também pelas garantias de Kaczynski de que ele vai se manter fiel a políticas fiscais prudentes.

A escolha de Stanislaw Kluza, que já foi economista de bancos comerciais, para ministro das Finanças também ajudou a acalmar os mercados.

- O pior parece já ter passado para o zloty. Isso reforça nossa opinião de que já há bastante risco embutido nos mercados poloneses - disse Juliet Sampson, economista do HSBC.

Mas a consolidação do poder nas mãos dos gêmeos, vistos como tradicionalistas facilmente irritáveis e com pouca experiência em política externa, preocupa muitos poloneses.

Uma sondagem do jornal "Gazeta Wyborcza" mostrou que mais de 60% dos poloneses temem entregar todo o poder executivo aos irmãos, cujo partido ganhou apertado as eleições do ano passado, com uma campanha baseada no combate à corrupção.

Mais de 80% dos entrevistados achavam que Marcinkiewicz era um bom primeiro-ministro, e apenas 21% acreditavam que Kaczynski o substituirá à altura.

Exceto por Kluza, há poucas expectativas de mudanças no gabinete. Kaczynski insistiu que a reforma era uma medida estratégica para as eleições locais de novembro. Marcinkiewicz vai concorrer ao influente cargo de prefeito de Varsóvia pelo partido Lei e Justiça.

Há quem diga que a inexperiência dos irmãos em política externa ou econômica, o estilo combativo e a retórica nacionalista são maus presságios para as já frágeis relações da Polônia com o mundo.

- O pensamento político dos Kaczynski está confinado às fronteiras da Polônia. Eles demonstram pouco interesse no mundo exterior, não o conhecem bem e provavelmente não gostam muito dele - disse Jacek Zakowski, colunista da revista semanal "Polityka", de tendência esquerdista.

Jaroslaw Kaczynski aumentou a preocupação dos poloneses ao dizer, numa entrevista, que está menos interessado em questões econômicas que Marcinkiewicz. Ele reiterou sua desconfiança em relação a políticas de livre mercado e sua convicção em manter as estatais em "mãos polonesas".

Ele também reafirmou a crença de que a Polônia deve adotar uma posição firme nas negociações com os parceiros da UE, de modo que o país seja respeitado.

As relações de Varsóvia com Bruxelas esfriaram depois que Kaczynski fechou um acordo de coalizão com nacionalistas de ultradireita, há dois meses.

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