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A oposição paraguaia acusou nesta terça-feira (14) o presidente Fernando Lugo de agir de maneira indigna ao admitir sob pressão ser pai de um menino, embora analistas digam que o escândalo não deve derrubá-lo.

O caso dominou uma sessão extraordinária da Câmara, realizada um dia depois de Lugo admitir que tem um filho de quase dois anos, concebido na época em que ele ainda era bispo da Igreja Católica.

Na véspera da surpreendente revelação, a mãe da criança apresentou à Justiça um pedido de reconhecimento da paternidade.

"Lugo rompeu seu compromisso eclesiástico por um lado, e com o povo paraguaio por outro. Deus vai processá-lo lá em cima, mas o povo irá processá-lo aqui embaixo", disse o deputado José López Chávez, do partido direitista Unace. "Precisamos de gente com dignidade para levar adiante a representação do Estado paraguaio", acrescentou.

O presidente, um socialista de 57 anos eleito há um ano com promessas de combater a corrupção e reduzir a pobreza, não tem maioria parlamentar, e o escândalo ameaça enfraquecê-lo politicamente, apesar da sua popularidade em torno dos 70 por cento nas últimas pesquisas.

"Lugo sonegou dos eleitores uma informação que eles mereciam (...), espero que o voto de pobreza que fez o bispo não ande de mãos dadas com o voto de castidade, porque aí sim que estamos fritos", ironizou o deputado Carlos Maria Soler, do centro-direitista Pátria Querida.

Mas analistas consideram improvável um processo de impeachment contra Lugo. "Não acho que isso tenha maiores consequências políticas. Embora haja muita gente indignada, isso vai se aplacar em poucos dias sem interromper o ritmo do governo", disse à Reuters o analista político Alfredo Boccia.

"No Paraguai não temos um castigo muito forte contra as faltas morais (...). Disso a um julgamento político, a que ele renuncie - estamos muito longe", disse outro analista, Bernadino Cano Radil.

Muitos deputados ressaltaram também o fato de que Lugo iniciou um relacionamento com a mãe do menino quando ela tinha apenas 16 anos.

"Não somos os que prometemos a mudança e ocultamos amantes e filhos. Não levamos alunos de colégio para o nosso teto e privamos por dois anos de um sobrenome aos nossos filhos", disse nota lida em plenário pelo Partido Colorado, que governou o Paraguai durante seis décadas, até a eleição de Lugo.

Outros criticaram membros do governo por defender o presidente, tratando-o como vítima de uma conspiração e destacando sua coragem por reconhecer a paternidade.

"Acho que foi um erro que o presidente assumiu. Entendo o desconcerto das pessoas que não estão acostumadas que um presidente diga a verdade", disse a deputada governista Desireé Masi.

A Conferência Episcopal Paraguaia pediu perdão por pecados cometidos por clérigos e fiéis.

O advogado de Lugo disse que o presidente pedirá a restituição de parte do salário à qual renunciou quando assumiu o cargo, para poder sustentar o filho.

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