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Pequim - O dissidente chinês Liu Xiaobo não soube ontem que recebeu o Nobel da Paz de 2010. Ele está incomunicável na prisão de Jinzhou, onde cumpre pena por sua participação na Carta 08, manifesto de intelectuais pela democracia na China.

Segundo seus advogados, Liu precisará aguardar a visita da sua mulher, que deve ocorrer ainda hoje. Liu Xia (na foto, à esquerda) disse que não vê o marido (também na foto) desde 7 de setembro deste ano.

O Nobel consagrou Liu como o mais proeminente dissidente chinês. Mas ele incomoda Pequim desde 1989, quando aderiu ao movimento pró-democracia da praça da Paz Celestial.

Nascido em 28 de dezembro de 1955, em Changchun, Liu se formou crítico literário e professor universitário. Em 1986, alcançou fama na área com uma análise pungente da literatura moderna chinesa. Foi atuar como professor convidado na Noruega e nos EUA entre 1988 e 1989. Já em Pequim, Liu se uniu aos estudantes que protestavam pela democracia. Foi detido três dias depois do massacre da praça da Paz Celestial e passou 21 meses na prisão.

O tempo na prisão não o intimidou. Liu voltou a criticar duramente o sistema unipartidário chinês.

Em 1995, organizou petições ao Parlamento por reformas políticas. Acabou detido por sete meses.

Em 30 de setembro de 1996, Liu divulgou um comunicado pedindo liberdade de religião, imprensa e expressão. Foi sentenciado, semanas depois, a três anos em campo de trabalho forçado.

Liu tenta escapar da censura chinesa pela internet, onde publica seus artigos. "Desde a aparição da internet, há cada vez mais contrapoderes na China", diz.

Ele ajudou ainda a escrever a Carta 08, um manifesto de 303 intelectuais e dissidentes pela liberdade de expressão, religião e a abertura democrática no país.

Em 2009, em um julgamento no qual não teve o direito de resposta, foi sentenciado a 11 anos de prisão por subversão do poder, por meio de rumores e calúnias. A Carta 08 foi citada como prova.

Como que comprovando as acusações do premiado, a China montou uma operação para tentar bloquear a notícia do prêmio. Logo após o anúncio, por volta das 17h em Pequim, os sites Baidu, o mais popular da China, e Google não aceitavam a busca com o nome de Liu Xiaobo, "Prêmio Nobel" ou "Prêmio da Paz". No lugar, aparecia uma mensagem afirmando que a pesquisa contraria "a lei e o regulamento".

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