
O primeiro-ministro egípcio, Hisham Qandil, fez um apelo nesta sexta-feira (16) em Gaza por um cessar-fogo como primeiro passo rumo a uma paz que leve estabilidade ao Oriente Médio e anunciou novas "visitas egípcias oficiais e não oficiais" à faixa. "Não podemos nos calar perante essa tragédia e todo o mundo precisa assumir sua responsabilidade. Israel tem que respeitar os tratados internacionais que assinou", acrescentou em um discurso à imprensa junto ao chefe do governo do Hamas na faixa, Ismail Haniyeh.
Qandil, que abandonou a zona depois das rezas do meio-dia, foi testemunha dos enfrentamentos entre Israel e as milícias palestinas porque a trégua que deveram haver respeitado se rompeu quase desde um princípio. Enquanto estava no hospital, o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidra, denunciou que Israel matou um jovem de 19 anos e feriu outras três pessoas em um ataque aéreo no norte de Gaza.
"Eles não deixaram de disparar e nós temos que responder", disse à Agência Efe o comandante Arieh Shalicar, porta-voz do exército israelense ao acusar as milícias da faixa de violar o cessar-fogo. Segundo o exército israelense, as milícias palestinas lançaram mais de 50 foguetes durante a visita.
Quatorze dirigentes egípcios, entre eles ministros, deputados e agentes de serviços secretos acompanharam Qandil na visita. O líder egípcio afirmou que seu país "está ao lado de seus irmãos na Palestina até que os palestinos acabem com a ocupação e estabeleçam seu Estado independente".
"Estamos tentando conseguir um cessar-fogo duradouro até que se alcance a paz global e justa. Esse é o único caminho para conseguir tranquilidade e estabilidade na região", acrescentou, antes de "lembrar a todo o mundo que a Palestina é o único lugar do mundo sob ocupação e bloqueio".
O primeiro-ministro egípcio ressaltou ainda que sua visita a Gaza, a mais importante dos cinco anos e meio que a região está sob controle do Hamas, é uma "demonstração de solidariedade", mas também de "apoio físico".
Qandil convocou as facções palestinas a "se unirem para pôr fim às disputas e divisões" porque "o poder do povo palestino vem de sua união". O primeiro-ministro egípcio precisou conter as lágrimas ao falar das imagens que tinha presenciado no hospital Shifa, em Gaza.
Em um momento da entrevista coletiva, Haniyeh levantou o braço a Qandil para mostrar as manchas de sangue de um menino morto em um ataque israelense, cujo cadáver os dois haviam levantado. Em seguida o chefe do governo do Hamas tomou a palavra para agradecer esta "visita histórica" que definiu como "coerente com a revolução egípcia".
"A visita é uma mensagem à ocupação. Não vamos deixar Gaza só. É uma mensagem de solidariedade ao povo palestino. Estamos com vocês. Venceremos e enfrentaremos a agressão (...) através da resistência de nosso povo e através da ação do Egito e de todos os líderes do mundo", acrescentou.
Haniyeh assinalou que a "valente" decisão do Cairo "chegou ao coração de todos os palestinos" e incentivou "todos os líderes do mundo árabe e muçulmano a seguirem os passos do Egito para frear a agressão".
Ao entrar na à faixa, Qandil foi recebido por Ziad Zaza, vice-primeiro-ministro do Executivo em Gaza, já que Ismael Haniyeh e outros dirigentes do movimento islamita estão escondidos por temor ao exército israelense que na quarta-feira matou ao líder do braço armado do Hamas, Ahmed Jaabari, e que inaugurou a ofensiva militar.
Qandil cruzou a passagem fronteiriça de Rafah acompanhado por 14 responsáveis egípcios, entre eles ministros, deputados e agentes de serviços secretos.
Israel havia se comprometido a respeitar um cessar-fogo solicitado pelo Cairo, mas o lançamento de foguetes de Gaza e posteriormente os bombardeios israelenses continuaram durante a viagem, de apenas três horas.



