O líder de centro-esquerda italiano, Romano Prodi, afirmou nesta quarta-feira que sua vitória na eleição está assegurada, apesar do pedido de recontagem dos votos do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
- Não tenho medo algum que o resultado seja mudado. Esta foi uma vitória limpa - afirmou Prodi.
O impasse acerca do resultados das eleições pode mergulhar a Itália em um limbo político. Romano Prodi já disse que é pouco provável que consiga formar um novo governo antes da metade de maio, quando seria eleito o novo presidente italiano.
Pela Constituição, cabe ao chefe de Estado nomear um novo governo após consultas com líderes partidários.
Prodi queria que o presidente Carlo Azeglio Ciampi, cujo mandato termina no dia 18 de maio, o indicasse para o cargo de premier. No entanto, Ciampi voltou a falar nesta quarta-feira que deseja ver seu sucessor fazer isso.
- A decisão constitucional é de que, provavelmente, caberá ao novo presidente decidir atribuir-me a responsabilidade de governar - afirmou Prodi à rádio francesa Europe 1 - Assim, teríamos de esperar até a segunda metade de maio - afirmou.
O Senado, a Câmara dos Deputados e representantes regionais devem votar nos dias 12 e 13 de maio para escolher o sucessor de Ciampi.
Prodi e seus aliados, que vão de centristas católicos a comunistas, reuniram-se na quarta-feira após rejeitar uma proposta de Berlusconi para que considerassem a formação de uma coalizão de governo ao estilo da atual na Alemanha, na qual esquerda e direita compartilham o poder.
- Essa é uma proposta inaceitável. Ele (Berlusconi) está agora tentando fugir do resultado e tentando pressionar a maioria - disse o líder comunista Fausto Bertinotti depois da reunião com Prodi.
Na terça-feira, Berlusconi afirmou que os votos duvidosos teriam de ser avaliados antes de qualquer um dos dois lados poder declarar-se vencedor. Tal avaliação é realizada rotineiramente depois de uma eleição geral por autoridades locais e deve ser concluída na sexta-feira. Mas não estava claro se a revisão inicial conseguiria afastar as exigências da centro-direita para que haja uma recontagem ou se o bloco de Berlusconi ingressaria na Justiça para contestar o resultado do pleito.
Tal manobra acabaria, provavelmente, estendendo o clima de insegurança por muito mais tempo, já que o sistema judicial italiano é notoriamente moroso.
- Por enquanto, ninguém pode dizer que eles venceram - afirmou Berlusconi na terça-feira, conclamando Prodi a avaliar a possibilidade de formar uma coalizão ampla.
O sistema eleitoral italiano oferece um prêmio de cadeiras extras para a coalizão vencedora, e a centro-esquerda assim terá elegido 348 deputados contra 281 para a centro-direita. A Câmara de 630 integrantes completa-se com a presença de um político independente.
Já no Senado, onde o sistema é outro, o bloco de Prodi possui uma vantagem de apenas duas cadeiras (158 contra 156 para os aliados de Berlusconi).
Na terça-feira, o líder da centro-esquerda declarou-se vencedor e recebeu congratulações da França, de Luxemburgo e da Comissão Européia.



