
Simpatizantes de Lech Kaczynski, falecido recentemente quando ocupava a presidência da Polônia, forçaram as autoridades a abandonar os planos de retirar na terça-feira (03) uma grande cruz de madeira instalada na frente do palácio presidencial em sua memória.Kaczynski, a mulher dele, Maria, e outras 94 pessoas, em sua maioria políticos importantes e comandantes militares, morreram num acidente de avião na Rússia em 10 de abril. A tragédia deixou a Polônia de luto e conduziu à antecipação das eleições presidenciais.
Erguida por um grupo de escoteiros depois do acidente, a cruz tornou-se centro de um verdadeiro santuário ao presidente falecido, lotado de flores e velas.
O plano de transferir a cruz para uma igreja nas proximidades descontentou e irritou os simpatizantes de Kaczynski, católicos fervorosos.
Alguns manifestantes chegaram a impedir que os padres chegassem até a cruz, onde pretendiam promover uma missa breve na terça-feira, antes de levá-la à Igreja de Santa Ana.
"Se não há cruz, não há fé, não há igreja", disse uma mulher de cerca de 40 anos aos padres enquanto ajoelhava para bloquear o acesso deles, em imagens transmitidas ao vivo na televisão polonesa.
"Deixem essa cruz. Nós, católicos, imploramos que vocês deixem esta cruz como símbolo de nossa tragédia nacional, como um símbolo das pessoas que deram a vida pela Polônia", gritou outro homem, também não identificado.
Jacek Michalowski, chefe da chancelaria da presidência, disse mais tarde a jornalistas que a cruz não seria retirada dali na terça-feira. Não estava claro se as autoridades marcariam uma nova data para a remoção.
"É uma derrota? Sim, mas acima de tudo isso era uma cerimônia religiosa que não pôde prosseguir", disse Michalowski.
Alguns passantes que observavam os protestos afirmaram que já era hora de mudar a cruz para um lugar mais apropriado.
"O lugar da cruz é em uma igreja. O palácio é onde mora o presidente, é uma instituição do Estado, não uma instituição da Igreja", disse Konrad Wieladek, morador de Varsóvia.
O sucessor de Kaczynski, o conservador moderado Bronislaw Komorowski, deverá ser jurado como o quarto chefe de Estado da Polônia pós-comunista na sexta-feira. Ele derrotou o irmão gêmeo de Kaczynski, Jaroslaw, na eleição presidencial do mês passado.



