
Lima - Ao menos 34 pessoas morreram e 50 ficaram feridas entre indígenas e policiais, ontem, durante fortes confrontos no norte do Peru, em meio a um protesto de nativos amazônicos que reclamam a revogação de algumas leis que, segundo eles, deixam seus territórios vulneráveis.
O choque começou por volta das 5h locais em uma região conhecida como Cruz do Diabo, na província de Utcubamba, na Amazônia peruana, mais de 700 quilômetros ao norte de Lima.
"Quero responsabilizar o governo do presidente Alan García por ordenar o genocídio. Eles estão atirando balas em nós como animais", disse o líder dos nativos da região, Alberto Pizango, durante coletiva com a imprensa estrangeira.
Pizango afirmou que, segundo informações recebidas da zona de conflito, havia 22 nativos mortos por disparos realizados pela polícia a partir de um helicóptero. A ministra do Interior, Mercedes Cabanillas, disse a jornalistas que eram nove os policiais mortos.
Os protestos obrigaram a estatal Petroperu a suspender temporariamente o único oleoduto que transporta petróleo da selva norte até a costa do Pacífico. A argentina Pluspetrol parou sua produção no norte do país devido à falta de capacidade de armazenamento.
O presidente García disse a jornalistas que responsabiliza os dirigentes dos nativos por "qualquer evento lamentável" na zona de conflitos , já que eles "instigam" a violência, apoiados por políticos opositores ao governo.
"Já chegou o momento de abrir as estradas, de abrir os rios, e assumir as responsabilidades", afirmou.
Histórico
Os nativos iniciaram seu protesto em abril para exigir a eliminação de leis aprovadas pelo governo do presidente Alan García que buscam maior investimento privado em zonas ricas em recursos naturais, como petróleo e gás.
Eles protestam contra um decreto que consideram uma ameaça a seu direito sobre suas terras comunais.
Indígenas da selva amazônica anunciaram na quinta-feira que retomariam as mobilizações de protesto contra um decreto presidencial. Os indígenas se declararam paralisados há dois meses, e desde então bloqueiam rodovias e atrapalham operações petrolíferas e de exploração de gás na selva, como medidas de força.
O Congresso adiou o debate sobre a questão, até conhecer o resultado das conversações entre os líderes indígenas e uma comissão multissetorial designada pelo governo para tentar solucionar o problema.
O decreto foi aprovado pelo Exército como parte do processo de adequação da legislação peruana às exigências de um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos, em vigor desde fevereiro.



