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O ditador da Rússia, Vladimir Putin, mencionou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e outros líderes do Brics ao comentar, pela primeira vez nesta quinta-feira (13), a proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na guerra na Ucrânia. Durante uma coletiva de imprensa mais cedo, Putin afirmou que a iniciativa americana é "correta", mas condicionou sua adesão a uma série de exigências.
"Primeiro de tudo, gostaria de começar com palavras de gratidão ao presidente dos Estados Unidos, o senhor Trump, por dedicar tanta atenção à resolução da questão da Ucrânia", declarou Putin. O líder russo também citou o ditador chinês, Xi Jinping, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e os presidentes do Brasil e da África do Sul, destacando que eles têm se envolvido na questão.
"Todos nós temos muitas responsabilidades, mas muitos líderes de Estado [...] dedicam muito tempo a esse assunto, e somos gratos a eles porque tudo isso tem um propósito nobre de interromper as hostilidades e evitar vítimas humanas", disse Putin.
A proposta de Washington, aceita pela Ucrânia durante uma reunião na Arábia Saudita, prevê um cessar-fogo temporário na guerra. No entanto, Putin insistiu que é necessário debater "as causas profundas do conflito" antes de avançar com a trégua.
"A ideia em si é a certa, e nós definitivamente a apoiamos. Mas há questões que precisamos discutir, e acho que precisamos discuti-las com nossos colegas e parceiros americanos", afirmou.
Entre os pontos apresentados por Putin como condições para uma trégua estão a situação das forças militares ucranianas em Kursk, região da Rússia onde Kiev lançou uma operação especial, e a interrupção do envio de armas ocidentais para a Ucrânia durante o período do cessar-fogo. "Como eles [os ucranianos] vão usar esses 30 dias? Vão continuar a mobilização, a se armar? O que acontecerá em Kursk? Eles irão embora? Devemos deixá-los ir embora após as atrocidades que cometeram?", questionou.
Além disso, o líder russo disse que é fundamental definir quem monitoraria a trégua e garantir que seu cumprimento fosse total. "Precisamos entender quem estará por trás dessa vigilância", acrescentou.
Mais tarde, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou sobre a resposta russa à proposta de cessar-fogo. Durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval, ao lado do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, Trump classificou a fala de Putin como "promissora", mas incompleta.
"Ele fez uma declaração muito promissora, mas não foi completa", disse Trump, segundo a CNN. "Eu adoraria me encontrar com eles ou falar com ele, mas temos que acabar com isso rápido. Vocês sabem, todos os dias, pessoas estão sendo mortas”. O presidente americano ressaltou que os detalhes do acordo foram discutidos e que agora cabe à Rússia decidir se aceita a proposta.
"Agora vamos ver se a Rússia concorda ou não, e se não concordar, será um momento muito decepcionante para o mundo", concluiu.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reagiu de forma crítica à posição do Kremlin e afirmou que Putin já está preparando uma negativa à proposta americana. Em seu discurso noturno à população ucraniana, Zelensky acusou o líder russo de tentar postergar o acordo.
“Ele está de fato preparando uma rejeição no momento, porque Putin está, é claro, com medo de dizer ao presidente [americano, Donald] Trump que ele quer continuar esta guerra, que ele quer matar ucranianos”, afirmou Zelensky, segundo a agência Reuters.
O líder ucraniano também acusou Moscou de impor condições para que o cessar-fogo não ocorra ou seja adiado ao máximo.
“É por isso que em Moscou eles estão impondo estas condições à ideia de um cessar-fogo, para que nada aconteça, ou para que não aconteça pelo maior tempo possível”, disse.
