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Enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirma concordar com Donald Trump que as negociações para encerrar o conflito na Ucrânia estão em sua fase final, o ditador russo, Vladimir Putin, endureceu a retórica militar nesta segunda-feira (29). Em uma reunião televisionada com comandantes do exército russo, Putin reafirmou sua intenção de capturar totalmente as regiões ucranianas cuja anexação anunciou em 2022.
"O objetivo de libertar as regiões do Donbas, Zaporizhzhia e Kherson está sendo realizado em etapas, de acordo com o plano da operação militar especial. As tropas avançam com confiança", disse.
O ditador afirmou que, após a captura das cidades de Pokrovsk e Mirnograd, as forças russas eliminaram tropas ucranianas cercadas naquela área e, simultaneamente, "desenvolveram uma ofensiva na direção das fronteiras estaduais", referindo-se à fronteira da região anexada de Donetsk com o território ucraniano. Nesse sentido, ele enfatizou que as perspectivas de conquista de todo o território do Donbas são boas.
O chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas Russas, General Valery Gerasimov, apontou também que Kiev não está realizando ações ofensivas em nenhum dos setores da frente. "Eles concentraram seus esforços em fortalecer suas defesas e estão tentando retardar nosso avanço por meio de contra-ataques em áreas específicas e do uso massivo de drones", disse Gerasimov a Putin, na reunião.
A reunião de Putin com altos oficiais militares ocorre em meio à preparação para sua segunda ligação telefônica com o presidente dos EUA, Donald Trump, que ocorrerá "muito em breve", segundo confirmou o Kremlin nesta manhã.
Trump se reuniu com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Flórida no domingo (28). Ambos sinalizaram progresso rumo a um acordo de paz, embora sem fechar nenhum pacto e reconhecendo que "questões espinhosas" ainda precisam ser resolvidas.
Zaporizhzhia
A central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, está ocupada pela Rússia no âmbito da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Estimativas compiladas pelo projeto acadêmico americano Russia Matters, vinculado à Universidade de Harvard, indicam que a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano (incluindo a península da Crimeia, anexada ilegalmente em 2014) após uma invasão que completará quatro anos em fevereiro.
Nesta segunda-feira, Zelensky indicou que Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, e os territórios atualmente ocupados pela Rússia são os pontos pendentes no plano de paz que discutiu no domingo com Trump.
“Restam duas questões pendentes: a central nuclear de Zaporizhzhia, como funcionará, e a questão dos territórios”, disse, em declarações reproduzidas pela agência ucraniana Ukrinform.
“São duas questões que ficaram pendentes no documento de 20 pontos. Por isso, eu disse que o plano está 90% pronto, porque não há acordo em dois pontos”, acrescentou o líder ucraniano.
