
O partido do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, perdeu a maioria absoluta no parlamento, com menos de 50% dos votos, segundo apontaram ontem as sondagens da televisão estatal russa. O resultado representa uma significativa queda do apoio para a Rússia Unida na comparação com a eleição anterior há quatro anos, quando o partido ficou com 64% dos votos. Segundo a prévia da votação de ontem, o partido poderá perder a maioria atual no parlamento, o que permite alterações na constituição.
A diminuição do apoio reflete uma decepção com o curso da autoridade de Putin, o aumento da corrupção e o crescimento da diferença entre entre a população comum russa e a parcela mais rica do país.
Apesar de Putin e seu partido Rússia Unida dominarem a política do país por mais de uma década, parece estar crescendo o descontentamento popular com o estilo do premiê.
O partido Rússia Unida é seguido do Partido Comunista, com aproximadamente 20% dos votos, segundo duas distintas pesquisas de boca de urna citadas pela televisão russa.
O Rússia Unida detém uma maioria de dois terços na Duma o parlamento russo. Mas uma pesquisa no mês passado realizada pela agência independente Levada Center indicou que o partido pode conseguir apenas 53% dos votos nesta eleição, privando-o do número de assentos necessários para mudar a Constituição.
Putin quer que o Rússia Unida vá bem na eleição parlamentar para ajudar a abrir caminho para seu retorno à Presidência em uma eleição daqui a três meses. Ele alertou que um Parlamento com uma série de partidos levaria à instabilidade política.
Contagem real
Apenas sete partidos receberam permissão para apresentar candidatos para o Parlamento neste ano, e a maioria dos grupos de oposição foi proibida de se registrar e impedida de fazer campanha.
Em Vladivostok, no extremo leste da Sibéria, eleitores reclamaram à polícia que o Rússia Unida estava oferecendo alimentos de graça em troca de promessas de votos. Em São Petersburgo, na parte europeia da Rússia, um fotógrafo da Associated Press viu um emblema do Rússia Unida afixado às cortinas da cabine de votação.
Lacre
Golos, único grupo independente de monitoramento de eleições, disse que na cidade de Samara observadores e membros da comissão eleitoral de partidos de oposição foram impedidos de verificar se as urnas estavam adequadamente lacradas.
Mikhail Kasyanov, ex-primeiro-ministro quando Putin era presidente, afirmou que ele e outros ativistas de oposição que votaram neste domingo não têm a ilusão de que seus votos serão contados de maneira justa.
"Está absolutamente claro que não haverá uma contagem real", disse ele. "As autoridades criaram uma imitação de uma instituição muito importante cujo nome é eleição livre, que não é livre e nem é eleição."
Baixo comparecimento
Existem 110 milhões de eleitores na Rússia e a abstenção em muitas regiões parecia ser alta. Nas regiões de Sakhalin e Kamchatka, o comparecimento era de apenas 45% a 48% faltando duas horas para as urnas serem fechadas.
Mas em outras regiões a situação parecia melhor. Um jornalista viu um local de votação em Moscou lotado, incluindo um alto número de eleitores jovens em relação a outras eleições.



