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Presidente russo rebateu afirmações feitas por Macron em pronunciamento a franceses na véspera
Presidente russo rebateu afirmações feitas por Macron em pronunciamento a franceses na véspera| Foto: EFE/EPA/Mohammed Badra

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reiterou nesta quinta-feira (3), em conversa telefônica com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o papel que ele acredita que “neonazistas” possuem na política da Ucrânia e que o país vizinho violou por sete anos os acordos de Minsk.

“Vladimir Putin comentou em detalhes o discurso de ontem do presidente da França para os franceses e discordou de muitas das teses expressadas. Em particular, isto se refere à declaração de Emmanuel Macron de chamar de mentira que a Rússia está lutando na Ucrânia contra o nazismo”, disse o Kremlin em comunicado.

Por outro lado, o Kremlin afirmou que os líderes de Rússia e França tiveram “uma franca troca de opiniões sobre a situação em torno da Ucrânia” e concordaram em continuar os contatos em vários níveis “sobre as questões levantadas na conversa”.

Putin deu a Macron “explicações fundamentadas sobre o importante papel dos neonazistas na política estatal de Kiev”, acrescentou o Kremlin.

Ele também indicou que durante a “operação especial para proteger Donbass” - como Moscou chama a invasão da Ucrânia -, a Rússia “pretende continuar a luta intransigente contra militantes de grupos armados nacionalistas que cometem crimes de guerra, incluindo a colocação de equipamentos militares em áreas residenciais e a utilização da população civil como escudos humanos”.

O Kremlin disse que Putin chamou a atenção de Macron para o fato de que seu discurso “não diz uma palavra sobre a sabotagem dos acordos de Minsk pela liderança ucraniana durante sete anos, nem sobre o fato de que os países ocidentais e a própria França não fizeram absolutamente nada para forçar Kiev a cumpri-los”.

O presidente russo também afirmou que “o genocídio a longo prazo de civis em Donbass, que resultou em várias vítimas e obrigou centenas de milhares de pessoas a procurar asilo na Rússia, está sendo abafado”.

Putin reafirmou em detalhes as condições-chave para as negociações com a Ucrânia sobre o fim do conflito e confirmou que, acima de tudo, estão os pontos da desmilitarização e do status neutro do país vizinho em relação à Otan, para evitar que ele possa representar uma ameaça à Rússia.

Macron e Putin dialogaram durante uma hora e meia, segundo Palácio do Eliseu. Foi a terceira conversa entre eles desde o início da invasão da Ucrânia, há uma semana.

Em um discurso televisionado à nação na noite de quarta-feira, Macron havia criticado duramente a ação armada da Rússia na Ucrânia, mas acrescentou que manteria contato com Putin em busca de uma saída para a situação.

O presidente francês é o único líder de um grande país ocidental a decidir manter um canal de comunicação aberto com Putin, embora em paralelo ele apoie sanções mais duras contra a Rússia pela intervenção na Ucrânia.

Outro lado

A respeito da conversa, fontes do Palácio do Eliseu informaram que Putin disse a Macron que sua ofensiva na Ucrânia ocorre “como previsto” e vai se intensificar, a menos que o país vizinho aceite suas condições, inclusive a desmilitarização.

A conversa telefônica ocorreu a pedido de Putin, e nela o líder russo advertiu que se os ucranianos não aceitarem seus termos através da via política e diplomática, a Rússia os obterá por meios militares.

Macron, segundo as fontes, disse a Putin que estava cometendo “um grave erro”, procurando “pretextos” e que suas ações não estavam de acordo com a realidade, nem poderia justificar sua violência e o preço que seu país pagará, acabando “isolado, enfraquecido e sob sanções” por um longo período, acrescentaram as fontes.

O chefe de Estado francês concluiu em relação à conversa que “o pior ainda está por vir”, devido à determinação de Putin e seu argumento de que a Ucrânia não cumpriu os acordos de paz de Minsk.

O Palácio do Eliseu admitiu que embora a conversa tenha sido “tensa” quanto ao conteúdo, o diálogo foi franco, e há uma intenção de manter contato no futuro, pois ambos os líderes “podem dizer coisas fortes um para o outro sem que a conversa se rompa”.

Macron exigiu novamente que Putin ponha fim à ofensiva militar e garanta a integridade física tanto do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como daqueles de seu entorno, assim como de todos os civis do país. Putin, por sua vez, ressaltou que os civis não são alvo da ofensiva.

A conversa ocorreu no mesmo dia em que Rússia e Ucrânia negociaram um cessar-fogo, com um encontro de delegações na região de Brest, em Belarus.

Putin, de acordo com fontes francesas, alegou que os ucranianos estão cometendo “crimes de guerra” e se comportando como “nazistas”, e é por isso que, embora diga estar aberto a negociações, planeja “ir até o fim"”para assumir o controle do país vizinho.

Apesar das sanções contra a Rússia já impostas pela comunidade internacional, a França acredita que ainda há espaço para apertar o cerco com mais medidas econômicas ou diplomáticas.

Após a conversa com Putin, Macron telefonou para Zelensky e expôs as condições do presidente russo. O presidente ucraniano voltou a argumentar que não vai se render.

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