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Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, atribui muitos dos problemas que o país sofre aos colombianos | JORGE DAN LOPEZ/REUTERS
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, atribui muitos dos problemas que o país sofre aos colombianos| Foto: JORGE DAN LOPEZ/REUTERS

Quase metade dos colombianos temem que a desavença diplomática iniciada no mês passado, quando a Venezuela fechou várias passagens de fronteira e deportou milhares de colombianos, possa levar a uma guerra, mostrou uma pesquisa nesta terça-feira.

Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados pelo instituto Cifras y Conceptos e divulgada pela Rádio Caracol e a Red + Notícias disseram temer que a crise possa desencadear um conflito militar entre os dois países; 20% afirmaram estar receosos de que mais colombianos sejam expulsos da Venezuela.

Venezuela foi salva de um “pequeno Pinochet”, diz Maduro sobre opositor

A Venezuela se livrou de um “Pinochet”, disse o presidente Nicolás Maduro na terça-feira (15), em uma aparente defesa da pena de prisão de quase 14 anos imposta ao líder oposicionista Leopoldo López, acusado pelos protestos violentos no ano passado.

López, líder da oposição mais linha-dura, foi condenado na semana passada por incitar os protestos de 2014 contra o governo, os quais resultaram em violência e morte de 43 pessoas. Ele foi considerado culpado de provocar incêndios, violência e danos à propriedade pública, e condenado a 13 anos e nove meses de prisão.

“Nós estamos vacinando a pátria contra um ‘Pinochet’”, disse Maduro, político de linha socialista, referindo-se ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet. O presidente não citou diretamente o nome de López.

“Se a Venezuela tiver de enfrentar todo o mundo e acabar sozinha para defender o seu direito à paz, justiça e democracia, isso é o que vamos fazer. Ouça com atenção, Washington”, disse ele durante seu programa semanal na televisão “Em contato com Maduro”.

Os vizinhos sul-americanos podem romper as relações diplomáticas, disseram 19%, enquanto 13% acreditam que os venezuelanos podem trocar seu país pela Colômbia. As duas nações compartilham uma fronteira longa e porosa assolada pelo tráfico de drogas, por paramilitares, guerrilhas de esquerda e contrabandistas.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atribuiu muitos dos problemas da Venezuela, que sofre uma recessão, aos colombianos. Maduro interditou grandes pontos de cruzamento e deportou 1.400 colombianos em agosto no que afirmou ser uma operação de repressão ao contrabando e ao crime. Desde então, até 18 mil colombianos deixaram a Venezuela.

Os opositores de Maduro afirmam que ele está usando os vizinhos como bode expiatórios para distrair a população da crise econômica.

Mais da metade das 3.848 pessoas entrevistadas, ou 51%, disseram que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, está lidando bem ou muito bem com a crise, e 47% declararam que seus esforços são insuficientes. O levantamento tem uma margem de erro de 2,6%.

Estado de exceção

Nesta terça-feira (15), Maduro ampliou o estado de exceção a mais dez municípios na fronteira com a Colômbia, somando-se a outras 13 localidades onde a medida já havia sido implantada.

Maduro iniciou o fechamento de parte da fronteira no estado de Táchira em 19 de agosto sob justificativa de combater grupos paramilitares, provocando fortes condenações da Colômbia e da comunidade internacional. Com o último anúncio do presidente, o estado de exceção é estendido a sete localidades no estado de Zulia e três em Apure.

Maduro não esclareceu se a nova medida inclui o fechamento de postos de fronteira dos municípios. Se for confirmado, toda a fronteira com a Colômbia seria fechada exceto na parte que os dois países compartilham da Amazônia.

A decisão, anunciada durante seu programa de televisão “Em contato com Maduro”, foi acompanhada por mensagens ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a quem o presidente da Venezuela acusa de não querer se encontrar para buscar uma solução para a crise na fronteira.

“Vou me reunir no lugar e na hora que você quiser. Devem participar os presidentes da Celac e da Unasul, mas eu sinto no meu coração que o presidente Santos não pretende reunir”, disse Maduro.

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