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O presidente russo, Vladimir Putin, discursa durante cerimônia de inauguração da primeira fase do memorial da Batalha de Kursk, no 80º aniversário do fim da batalha na Segunda Guerra Mundial, no assentamento de Ponyri, região de Kursk, nesta terça-feira (22)
O presidente russo, Vladimir Putin, discursa durante cerimônia de inauguração da primeira fase do memorial da Batalha de Kursk, no 80º aniversário do fim da batalha na Segunda Guerra Mundial, no assentamento de Ponyri, região de Kursk, nesta terça-feira (22)| Foto: EFE/EPA/GAVRIIL GRIGOROV/SPUTNIK/KREMLIN

A agência de aviação da Rússia e os meios de comunicação locais confirmaram nesta quarta-feira (23) que Yevgeny Prigozhin e seu número 2 no grupo mercenário Wagner, Dmitry Utkin, estavam entre os passageiros do jato executivo fabricado pela Embraer que caiu na região de Tver, ao norte da Rússia, matando todos os que estavam nele.

Prigozhin foi o líder do grupo paramilitar que se rebelou contra o Kremlin em junho deste ano, alegando que as forças do governo de Vladimir Putin teriam atacado um acampamento da milícia. Antes, ele havia criticado os erros do comando militar russo na Ucrânia.

A morte de Prighozin se soma a diversas outras de cidadãos russos que ocorreram de forma misteriosa, dentro e fora do país. Apesar de não haver por ora nenhuma prova que ligue o presidente russo à queda da aeronave, o líder do Grupo Wagner e seu principal comandante morreram exatamente dois meses após a rebelião dos paramilitares.

A maioria dos que perderam suas vidas de forma misteriosa na Rússia nos últimos meses eram pessoas próximas ao governo que ousaram criticar o presidente russo em algum momento ou falharam na execução de tarefas.

A seguir, apresentamos uma lista contendo os nomes de algumas dessas pessoas, que, assim como Prigozhin, tinham uma certa proximidade com o Kremlin e morreram em condições suspeitas.

Leonid Shulman

Shulman era o CEO da Gazprom, a gigante estatal do gás russo. Oficialmente, sua morte, ocorrida em janeiro de 2022, teria sido um suicídio. Shulman foi encontrado em seu banheiro com uma carta de suicídio ao lado do corpo. Informações sobre o seu caso dão conta de que ele supostamente estava envolvido em um esquema de corrupção na estatal.

Alexander Tyulyakov

Outro executivo da Gazprom que morreu em um aparente suicídio, em fevereiro de 2022, um dia após a invasão russa à Ucrânia. Assim como Shulman, Tyulyakov foi apontado como supostamente envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro na estatal.

Dan Rapoport

Empresário e filantropo que apoiava causas ucranianas e um antigo crítico de Putin. Rapoport também denunciava crimes de guerra da Rússia nas redes sociais. Ele foi encontrado morto fora de um prédio residencial em Washington, capital dos EUA, em agosto de 2022. A polícia disse que ele havia caído de uma janela, mas alguns suspeitam que ele teria sido empurrado.

Ravil Maganov

Presidente da Lukoil, a segunda maior empresa de petróleo da Rússia e rival da Rosneft, controlada pelo aliado de Putin, Igor Sechin. Ele morreu ao supostamente cair de uma janela de um hospital em Moscou, em setembro de 2022. Maganov havia expressado simpatia pela Ucrânia e pedido o fim da guerra.

Pavel Antov

Político e milionário, proprietário de diversos ativos de energia na Ucrânia e na Europa. Ele morreu após cair de uma janela de um hotel na Índia, em dezembro de 2022. Antov havia condenado brevemente a guerra iniciada por Putin no WhatsApp, mas logo apagou a mensagem e afirmou que teria sido escrita por outra pessoa.

Anton Cherepennikov

Foi encontrado morto dentro de seu escritório em julho deste ano, supostamente vítima de uma parada cardíaca. Cherepennikov era dono da ICS Holding, responsável pela maior parte da produção de escutas telefônicas e do rastreamento de usuários e informações na internet dentro da Rússia. Ele também já havia trabalhado dentro do governo de Vladimir Putin, junto ao serviço de segurança russo.

Gennady Lopyrev

Lopyrev morreu após passar mal, um dia antes de pedir liberdade condicional. O general havia sido preso em 2017 sob a acusação de ter recebido propina e possuir munições ilegais, mas negou esses crimes. Lopyrev foi guarda-costas de Putin antes de ser preso e supervisionou as obras do “Palácio de Putin”, uma mansão localizada no Mar Negro com um valor estimado em R$ 6 bilhões. Putin nega que a mansão seja sua. O general russo sabia detalhes sobre a construção.

Petr Kucherenko

Kucherenko era secretário de Estado e vice-ministro da Ciência e do Ensino Superior da Rússia. Ele morreu em maio deste ano, após retornar de uma viagem que havia feito para Cuba. A causa da morte não foi revelada. Um jornalista amigo dele disse que, dias antes de morrer, Kucherenko o havia orientado a fugir da Rússia.

Mortes que ocorreram antes da guerra na Ucrânia

As mortes misteriosas de críticos e dissidentes do governo russo ocorrem há bastante tempo, bem antes da invasão russa à Ucrânia. A seguir, veja uma lista dos casos que tiveram mais repercussão.

Boris Nemtsov

Ex-vice-primeiro-ministro e opositor da anexação da Crimeia por Putin, Nemtsov foi morto a tiros perto do Kremlin, em fevereiro de 2015. Cinco chechenos foram condenados por seu assassinato, mas o mandante permanece desconhecido.

Anna Politkovskaya

Jornalista investigativa que reportou abusos de direitos humanos e corrupção na Chechênia e em outros lugares, foi assassinada a tiros do lado de fora de seu apartamento em Moscou em outubro de 2006. Seis homens foram condenados por seu assassinato, mas a pessoa que ordenou não foi identificada.

Alexander Litvinenko

Ex-agente do FSB que desertou para a Grã-Bretanha e acusou Putin de orquestrar ataques terroristas e assassinatos, morreu envenenado com polônio radioativo em Londres em novembro de 2006. Uma investigação britânica concluiu que Putin provavelmente aprovou seu assassinato, que foi executado por dois agentes russos.

Sergei Magnitsky

Advogado que descobriu um enorme esquema de fraude fiscal envolvendo autoridades russas, ele morreu em uma prisão em Moscou em novembro de 2009 após ter negada assistência médica e supostamente ser torturado. Sua morte provocou indignação internacional e sanções contra os responsáveis.

Natalia Estemirova

Ativista de direitos humanos que documentou abusos e desaparecimentos na Chechênia, foi sequestrada e assassinada a tiros em julho de 2009. Seus assassinos não foram encontrados.

Mikhail Lesin

Ex-magnata da mídia e conselheiro do Kremlin que entrou em conflito com o círculo interno de Putin, foi encontrado morto em um quarto de hotel em Washington em novembro de 2015. As autoridades dos EUA consideraram que um acidente provocou traumatismo craniano, o que levou à morte de Lesin, mas alguns suspeitam de assassinato.

Boris Berezovsky

Oligarca exilado e um ex-aliado próximo de Putin que se virou contra ele após perder sua fortuna e influência, foi encontrado morto em sua casa no Reino Unido, em março de 2013. Um legista não conseguiu determinar se ele se enforcou ou foi estrangulado.

O destino de Prigozhin e dos demais desta lista, que em sua maioria tinham influência dentro do território russo, indica os riscos e consequências de se opor às políticas e ações do Kremlin. Além dos nomes acima, diversos outros oligarcas russos também morreram de forma misteriosa no país em 2022.

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