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Alexis Rodríguez Cabello durante um evento a favor do referendo sobre a anexação do Essequibo
Alexis Rodríguez Cabello durante um evento a favor do referendo sobre a anexação do Essequibo| Foto: Reprodução/X/Victoria mata

Na terça-feira (5), o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, nomeou Alexis Rodríguez Cabello, um militar e político de 58 anos, identificado como primo de Diosdado Cabello, o número dois do chavismo, para ser a “autoridade única” que irá comandar a Guiana Essequiba, que é como o regime venezuelano identifica o território rico em recursos naturais de Essequibo, alvo de uma disputa com a Guiana, país a qual ainda pertence a região.

Rodríguez Cabello, segundo Maduro, será responsável por comandar uma Zona de Defesa Integral (ZODI) que vai ser implantada pelo regime venezuelano para iniciar o processo de anexação do Essequibo a partir da cidade de Tumeremo, localizada no estado venezuelano de Bolívar, que faz fronteira com o território reivindicado pelo regime chavista

O militar, que se define nas redes sociais como “bolivariano, chavista e profundamente crente de que o socialismo é o caminho para o desenvolvimento humano”, se formou na Academia Militar da Venezuela em 1987, ocupando o lugar número 87 de mérito entre os 216 graduados.

Em 1992, ele se juntou à tentativa frustrada de golpe liderada pelo então tenente-coronel Hugo Chávez contra o ex-presidente venezuelano já falecido Carlos Andrés Pérez. Desde então, ele ocupou diversos cargos no Exército bolivariano, chegando a ser comandante geral da força militar do regime socialista entre 2019 e 2020.

Rodríguez Cabello é deputado da Assembleia Nacional (AN), o parlamento venezuelano liderado pelo chavismo, desde 2020. Ele foi eleito para o cargo disputando as eleições pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do qual ainda faz parte, e do qual também integra o ditador Maduro. Ele atua no parlamento como presidente da Comissão Permanente de Controladoria da Assembleia, que é responsável pela fiscalização do dinheiro público na Venezuela. Além disso, ele é vice-presidente territorial do PSUV no estado de Bolívar.

Em sua conta no X (antigo Twitter) é possível ver que o militar e parlamentar venezuelano já está realizando reuniões administrativas sobre ações que poderão ser tomadas na região de Essequibo. Também é possível encontrar fotos do mesmo participando de eventos a favor do referendo, que foi realizado no último domingo (3). Segundo o regime de Maduro, o referendo com questões sobre a anexação de Essequibo foi a aprovado por 90% da população que participou. A oposição diz que a consulta não contou com uma alta taxa de adesão popular.

As ações de Maduro sobre a região de Essequibo foram anunciadas na terça-feira momentos após Jorge Rodríguez, chavista e presidente da Assembleia Nacional, dizer que o regime venezuelano considerava o resultado do referendo como vinculante e que o ditador do país iria apresentar os “próximos passos” que seriam tomados sobre o tema.

No anúncio que fez, Maduro reafirmou que seu regime não reconheceria a jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a disputa com a Guiana nem “hoje, nem amanhã, nem nunca”. O ditador também ordenou que estatais, como a petrolífera PDVSA e a metalúrgica Corporação Venezuelana da Guiana, iniciassem operações de “exploração e emissão de licenças na área do Essequibo”.

As operações na área disputada deverão ser coordenadas por Rodríguez Cabello, que será o responsável por realizar todo o processo burocrático da anexação da região pela Venezuela. Após esse processo, o plano do chavismo é realizar “eleições” na região para definir um novo líder.

Nesta quarta-feira (6), a Venezuela anunciou o seu “novo mapa” onde mostrava a área de Essequibo já integrada ao seu território. Por meio de sua conta oficial no X, o ditador Maduro disse que havia ordenado a “publicação e divulgação do mapa em todas as escolas, colégios, conselhos comunitários, estabelecimentos públicos, universidades e em todos os lares do país”.

Após a decisão do líder venezuelano, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que seu país acionaria o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para tentar frear a escalada da tensão com o país vizinho. A Guiana já reafirmou sua soberania sobre Essequibo e rejeitou o resultado do referendo de Maduro. A vice-presidente do pequeno país sul-americano, Bharrat Jagdeo, inclusive chegou a dizer na terça-feira que seu Estado iria se defender “com todos os meios necessários” contra uma eventual invasão.

A Guiana e os Estados Unidos chegaram a realizar exercícios militares conjuntos nesta quinta-feira (7), como uma forma de dissuadir o desejo venezuelano de avançar sobre Essequibo.

Sem mencionar o referendo de Maduro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta quarta-feira (6) que as decisões da CIJ eram “obrigatórias” tanto para a Guiana quanto para a Venezuela, e pediu que o tema fosse resolvido de forma “pacífica”.

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