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Yoshihide Suga
O recém-eleito líder do Partido Liberal Democrático do Japão, Yoshihide Suga| Foto: Nicolas Datiche / POOL / AFP

O Partido Liberal Democrata (PLD) do Japão elegeu nesta segunda-feira (14) Yoshihide Suga, assessor do primeiro-ministro Shinzo Abe, como seu novo presidente. A vitória interna assegura a eleição de Suga como sucessor de Abe em um mandato-tampão que vai até setembro de 2021, em votação a ser realizada pelo Parlamento do país na quarta-feira (16).

Na eleição interna do PLD, Suga obteve 337 votos, de 534 no total. Outros 89 votos foram para o ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida e 68 foram para o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba.

Abe, que anunciou no mês passado o plano de deixar o cargo de primeiro-ministro, por motivos de saúde, deverá renunciar formalmente na quarta. Com isso, o Parlamento se reunirá para escolher seu sucessor. Como o PLD controla a maioria da Câmara, que seleciona o primeiro-ministro, Suga, o novo líder do PLD, tem a garantia da vitória.

Perfil

Suga, 71, foi o braço direito de Abe e desde 2012 serviu como secretário de gabinete do primeiro-ministro, que acumula funções de chefe de gabinete e secretário de comunicação, tendo sido a pessoa que ocupou esse cargo por mais tempo na história do Japão.

Filho de produtores de morangos, Suga é conhecido como um homem discreto e pragmático. Se mudou para Tóquio quando era jovem e lá trabalhou em uma fábrica de papelão e em mercado de peixes para conseguir dinheiro para cursar a faculdade. Se formou em Direito em 1973 e se envolveu com o partido PLD na sequência, auxiliando a organização de campanhas e assessorando um dos membros do parlamento. Em 1987 conquistou seu primeiro cargo público ao ser eleito para um cargo equivalente ao de vereador na cidade de Yokohama.

Como assessor de Abe, estava focado na implementação de uma série de políticas econômicas conhecida como "Abenomics", que prevê flexibilização monetária, aumento dos gastos do governo e reformas estruturais para impulsionar a estagnação da economia japonesa.

Apesar de ter cargo no parlamento, era uma figura pouco conhecida. Isso mudou quando em abril de 2019 anunciou o nome da nova era imperial do Japão, Reiwa – junção das palavras "ordem" e "harmonia". A honra lhe rendeu reconhecimento – ganhou o apelido de "tio Reiwa" – mas sua popularidade só aumentou após a renúncia de Abe, quando passou a ser visto pelos membros do PLD como um candidato viável.

Koichi Nakano, reitor e professor de ciências políticas na Universidade Sophia, de Tóquio, disse à BBC que Suga foi escolhido pelo partido por ser o melhor candidato de "continuidade". "Alguém que eles acreditaram que poderia continuar o governo de Abe sem Abe", explicou.

"Precisamos herdar e facilitar as políticas promovidas pelo primeiro-ministro Abe para que possamos superar esta crise e para que cada indivíduo tenha uma vida segura e estável", disse Suga nesta segunda-feira. "Reconheço que carrego essa missão".

Analistas também apontam o fato de Suga não pertencer a nenhuma facção do partido como um dos motivos pelos quais seu nome recebeu amplo apoio na votação que o definiu como presidente do PLD. Amy Catalinac, professora assistente de política na New York University, explicou que, por não ter uma base de apoio, Suga fica mais suscetível a influências das facções mais fortes.

Futuro

Suga disse que suas principais prioridades são lutar contra o novo coronavírus, aumentando a testagem da população e viabilizando uma vacina no primeiro semestre de 2021, e recuperar a economia, atingida pela pandemia, continuando com as Abenomics. Para isto, ele disse que quer aumentar o salário mínimo, promover reformas agrícolas e impulsionar o turismo. Nas relações internacionais, seguirá os passos de Abe, continuando com os fortes laços com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que mantém uma relação estável com a China.

Embora Suga tenha recebido enorme apoio do partido neste momento, ainda não está claro se ele será o candidato do PLD nas eleições parlamentares do ano que vem. "Ele tem uma história muito boa ... Ele é um homem que se elevou por seus próprios méritos", disse à CNN Brad Glosserman, especialista em política japonesa. "A questão, no entanto, é até que ponto ele tem uma personalidade que possa brilhar".

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