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A melamina, um produto químico industrial, é freqüentemente adicionada à ração animal na China, para fazê-la parecer mais rica em proteínas, informou nesta quinta-feira (30) a mídia estatal chinesa, no que parece ser um tácita admissão pelo governo de que a contaminação está alastrada entre os fornecedores de alimentos no país.

A prática de misturar melamina à ração animal é um "segredo aberto" na indústria, informou nesta quinta o jornal Nanfang Daily, ao descrever o processo de reaproveitar restos de melamina em um produto barato chamado "farinha de proteína", que então é vendida aos produtores rurais.

Os websites da agência estatal de notícias Xinhua e do Partido Comunista reproduziram a matéria do jornal, em uma rara atitude de difundir informação que tem reflexos negativos no país - especialmente, dado o recente escândalo da contaminação do leite em pó, produtos lácteos chineses e ovos com melamina.

Na semana passada, quatro marcas de ovos apresentaram contaminação com melamina, e agora funcionários da agricultura acreditam que a causa foi ração adulterada dada às galinhas. Nenhuma doença foi ligada à contaminação dos ovos por melamina.

Os fornecedores de alimentos desta vez foram culpados pelo escândalo, por adicionarem a melamina, um produto químico usado para fabricar plásticos e defensivos agrícolas, à ração animal.

A melamina tem alto teor de nitrogênio, e muitos testes de alimentos ricos em proteínas na China mostraram níveis altos de nitrogênio.

Especialistas em saúde dizem que ingerir uma pequena quantidade de melamina não representa risco para a saúde, mas grandes quantidades podem provocar a formação de pedras nos rins e levar os órgãos ao colapso. Quando o escândalo do leite contaminado explodiu, dezenas de milhares de crianças chegaram a ser hospitalizadas e quatro bebês morreram na China.

A adição deliberada de melamina aos alimentos ou à ração animal é proibida na China. O fato do uso do produto estar difundido ressalta a inabilidade das autoridades em manter o processo de produção de alimentos limpo de produtos tóxicos e nocivos, apesar do discurso oficial de que o governo pretende melhorar a qualidade e os padrões de segurança alimentar.

O Ministério da Agricultura e a Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena não responderam aos pedidos de entrevistas.

As indústrias químicas pagam outras empresas para que elas façam o tratamento e a disposição dos restos de melamina, mas há cinco anos elas começaram a vender as sobras do produto a indústrias que empacotam o produto como "farinha de proteína", informou o diário Nanfang Daily, citando um especialista químico não identificado. As informações são da Associated Press.

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