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O ex-presidente de esquerda Rafael Correa não descarta retorno à política do Equador
O ex-presidente de esquerda Rafael Correa não descarta retorno à política do Equador| Foto: EFE/Isaac Esquivel

O ex-presidente equatoriano Rafael Correa (2007-2017) afirmou em entrevista à Agência EFE nesta quarta-feira (16) que o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio foi um "complô" da direita para prejudicar a candidata do correísmo, Luisa González.

"É evidente que é um complô, que a polícia está envolvida. E quem ganha com este complô? A direita política equatoriana, porque precisava de uma 'carnificina' política assim, nos culpar para impedir que vencêssemos em um único turno", afirmou o ex-presidente do Equador.

Correa acredita que o assassinato de Villavicencio, que foi um dos maiores críticos do seu governo, denunciando vários casos de corrupção, "mudou toda a realidade e chutou o tabuleiro eleitoral" antes do primeiro turno, marcado para o próximo domingo (20).

"Só uma hecatombe política poderia impedir nossa vitória em um único turno e isso aconteceu com o assassinato brutal de um adversário nosso, Fernando Villavicencio. Ele estava em quarto ou quinto lugar [nas pesquisas]. Portanto, lhes servia mais morto do que vivo", acrescentou.

Embora haja seis supostos pistoleiros colombianos detidos pelo assassinato, Correa chamou atenção para o suposto papel de Fausto Salinas, comandante-geral da Polícia Nacional, e Patricio Carillo, ex-ministro do Interior e agora candidato a legislador, além de vinculá-los à Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos.

“Sempre se disse que Villavicencio era um informante da CIA e quando um informante se destaca demais, quando suas ambições transbordam e ele quer ser presidente, também vira um estorvo para a CIA”, comentou.

Correa declarou ainda que Villavicencio foi "levado para uma armadilha mortal para ser crivado de balas e entregue aos assassinos", argumentando que os vídeos mostram que, pouco antes do ataque em Quito, foi colocado em um carro que não era o dele, que não era blindado e, segundo o ex-presidente, sem motorista.

O ex-presidente do Equador acredita que o atentado prejudicou a candidatura de Luisa González e beneficiou Jan Topic, economista com formação militar e consultor de segurança que ganhou notoriedade na campanha com promessas de linha dura contra a violência que assola o país.

“Criaram toda uma narrativa de que havíamos ameaçado Villacencio e que somos os culpados pelo assassinato. E isso, claro, atingiu muito a nossa candidatura e mexeu com o tabuleiro eleitoral”, afirmou.

Por outro lado, qualificou como "preocupante" a ascensão de Topic, que tem gerado comparações com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, por combinar políticas de segurança duras com uma imagem arrojada nas redes sociais.

"São esses candidatos que estão chovendo na América Latina e em várias partes do mundo, os 'ditadores 2.0' que atropelam os direitos humanos, arrogantes, mas 'legais', usam as redes sociais, falam com os jovens, fazem TikToks, mas são trogloditas", descreveu.

Questionado sobre as ações que Luisa González tomaria em termos de segurança e economia caso se tornasse presidente, o líder político ressaltou que faria o mesmo que ele fez em seu governo.

O futuro político de Correa

Correa, que governou de 2007 a 2017 como uma das referências da esquerda latino-americana, reside desde 2017 na Bélgica, onde nasceu sua esposa, e não pode retornar ao Equador devido a uma pena de oito anos de prisão e inabilitação política pelo crime de suborno.

Questionado sobre seu retorno ao país, diante de um possível triunfo do correísmo, o ex-presidente respondeu que voltará "a qualquer momento".

“Eu me vejo voltando ao Equador a qualquer momento, porque todas essas artimanhas que eles armaram contra nós para nos impedir de voltar à nossa pátria, para nos impedir de participar das eleições, vão desabar mais cedo ou mais tarde”, ressaltou.

Embora insista que “não lhe importa” o seu futuro político, mas sim “o futuro da pátria”, não descarta a possibilidade de voltar a candidatar-se em algum momento.

"Não descarto. Nunca se pode dizer: isso não vai acontecer de novo. Estarei onde for mais útil, mas não é nada que me tire o sono, pelo contrário. No momento minha família está na Bélgica, minhas filhas moram lá, meu filho ainda estuda, então gostaria de estar perto da minha família", completou.

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