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Revolta árabe

Rebeldes anunciam ação para “libertar” Damasco do controle de Assad

Combates se espalham pela capital da Síria, mas forças do governo mantêm vantagem

Campo de refugiados em Ramtha, na fronteira da Síria com a Jordânia. Sírios fogem da violência para países vizinhos | Jamal Nasrallah/EFE
Campo de refugiados em Ramtha, na fronteira da Síria com a Jordânia. Sírios fogem da violência para países vizinhos (Foto: Jamal Nasrallah/EFE)

As forças rebeldes vão intensificar os ataques na capital síria, anunciou ontem um comandante do Exército Livre da Síria (ELS), numa ofensiva para "libertar Damasco".

A capital síria viveu ontem, pelo terceiro dia, os combates mais intensos desde o início da revolta contra a ditadura de Bashar Assad, dando aos rebeldes ímpeto para antever a batalha final pelo controle de Damasco.

"Não tem volta. A batalha de Damasco é uma prioridade para nós. Começamos a operação para libertar Da­­masco", disse o coronel Qas­­sem Saadeddine, porta-voz do comando unido do ELS.

A intensificação dos combates na capital, que até agora mantivera-se relativamente imune à violência do resto do país, é mais um sinal de vulnerabilidade do regime, após deserções recentes de membros graduados.

Ativistas e analistas concordam, porém, que a importância é mais simbólica que militar, e que a superioridade numérica e de poder de fogo do Exército torna precipitada qualquer previsão sobre o fim do regime.

"É um marco psicológico, que pode ter o efeito de atrair mais gente para o lado da oposição, mas está longe de ser a batalha final. O regime é muito superior militarmente", disse o especialista em Oriente Médio Fawaz Gerges à Al Jazeera.

Ontem, o ELS enviou mais­­ combatentes rebeldes a­­ Damasco, depois de acusar o­­ regime de usar helicópteros­­ para atacar focos da oposição na periferia da capital.

Intensos combates repetiram-se durante o dia e os rebeldes anunciaram controlar partes do sul da capital, mas disseram ter sido barrados por forças do regime de chegar ao centro de Damasco.

ONU

Marcada para hoje, a reu­­­­nião do Conselho de Se­­gu­­rança da ONU sobre a crise deve ser adiada para amanhã ou sexta, segundo o jornal britânico Daily Telegraph.

Uma resolução apoiada pelas potências ocidentais propõe impor sanções à Síria caso o regime não suspenda a ofensiva com artilharia pesadas dentro de dez dias.

ItamaratyGoverno brasileiro diz que mudou a "natureza da violência" na Síria

O governo brasileiro considera que o massacre que matou pelo menos 200 pessoas na aldeia síria de Tremseh registrou uma mudança na "natureza da violência" na Síria.

Primeiro, pela violação do cessar-fogo assumido por meio do plano do enviado da ONU, Kofi Annan. Depois, pela utilização de "armamento pesado contra civis desarmados".

"[A violência] Nunca se havia produzido dessa maneira. Não foi o tom do Brasil que mudou, mas a natureza da violência, que, junto com o momento em que se deu, a torna absolutamente inaceitável", disse ontem o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes.

Na nota emitida após as mortes, o Itamaraty condenou "veementemente a repressão violenta contra civis desarmados" e instou o governo sírio a interromper ações militares desse tipo.

Ao contrário de manifestações anteriores, dessa vez o governo brasileiro não mencionou a responsabilidade de cessar a violência de "ambos os lados".

O Brasil ainda mantém sua embaixada funcionando em Damasco, mas não descarta a retirada do pessoal se a situação se agravar na capital, como foi feito na Líbia em 2011.

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