
Insurgentes líbios capturaram ontem o aeroporto de Misurata, cidade no oeste do país, após duros confrontos com as forças de Muamar Kadafi, informou um correspondente da agência France Presse no local. Os rebeldes tomaram controle total do aeroporto, com centenas de pessoas comemorando nas ruas.
O Exército de Kadafi também deixou tanques para trás, que estão sendo incendiados pelos rebeldes. Informações anteriores contabilizavam pelo menos 13 rebeldes feridos, mas não há informações sobre mortos.
Ainda ontem, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que pediu ao primeiro-ministro da Líbia que interrompa imediatamente os ataques contra civis e pediu uma trégua na violência no país do Norte da África. Ban disse que estava despachando um enviado da ONU para Trípoli, após telefonar na terça-feira para o premiê líbio, Baghdadi Mahmudi.
Ban disse que pediu o fim dos ataques contra civis e um cessar-fogo verificável, para que ocorra uma resolução pacífica da crise no país. "O primeiro-ministro concordou em receber meu enviado, sr. [Abdel Elah] Al Khatib, e eu o instruí a viajar para Trípoli o mais rápido possível."
Ban também disse que deve haver uma paralisação dos confrontos em Misurata e em outras partes do país, para que possa ocorrer um diálogo político e a assistência humanitária seja entregue.
O governo líbio negou que os insurgentes tenham tomado o aeroporto de Misurata. "Nós controlamos o aeroporto e também controlamos o porto marítimo de Misurata", disse o porta-voz do governo, Moussa Ibrahim. O acesso ao porto, que os insurgentes dizem controlar há vários dias, foi restrito, embora não interrompido.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha conseguiu atracar um navio no ancoradouro, que ontem desembarcou alimentos para bebês e remédios. O navio servia como ponto de operação para uma equipe da Cruz Vermelha que atendia civis líbios em Misurata.
Em Trípoli, Ibrahim reconheceu que o bloqueio naval da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os bombardeios da aliança atlântica estão criando uma séria falta de vários alimentos e outras mercadorias. "Os bombardeios e o bloqueio naval estão prejudicando a vida de muitos líbios comuns. Temos falta de gasolina, alimentos e remédios. Os bombardeios também tornam difícil ir às escolas, hospitais, escritórios e fábricas".
De acordo com Caroline Huford, porta-voz do Programa Mundial de Alimentação (WPF, na sigla em inglês), órgão da ONU, os estoques de alimentos da Líbia podem acabar nas próximas seis a oito semanas se os carregamentos humanitários não aumentarem bastante. A Líbia está à beira de uma "crise generalizada de segurança alimentar", que pode afetar a população dentro de dois meses. O país importa 90% dos alimentos que consome. Estoques públicos e privados têm que ser recompostos.



