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Ultraortodoxo em protesto contra o recrutamento militar em Bnei Brak, nos arredores de Tel Aviv, na semana passada
Ultraortodoxo em protesto contra o recrutamento militar em Bnei Brak, nos arredores de Tel Aviv, na semana passada| Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN

No último dia 1º, as Forças de Defesa de Israel (FDI) começaram a convocar israelenses ultraortodoxos para o alistamento militar, mas essa é uma novela que está longe de ter um desfecho.

Durante mais de duas décadas, os ultraortodoxos ficaram isentos da convocação para servir nas forças armadas de Israel, o que é obrigatório para todos os cidadãos israelenses a partir de 18 anos de idade. Os homens devem servir por um período de três anos.

Os estudantes ultraortodoxos das yeshivás (escolas judaicas ortodoxas onde são estudados o Talmude, a Torá e tradições rabínicas), quando chegavam aos 18 anos, eram beneficiados com isenções ano a ano, até completarem 26 anos, idade de isenção militar para todos os cidadãos.

Diante das necessidades da guerra contra o grupo terrorista Hamas, cresceu a pressão na sociedade israelense para que esse benefício fosse interrompido. A isenção foi renovada pela última vez em junho de 2023 e expirou na semana passada.

Antes disso, a Suprema Corte de Israel havia decidido que o governo não poderia mais financiar os estudos de cerca de 50 mil matriculados em yeshivás devido ao fim da isenção.

O tema é espinhoso dentro da gestão do premiê Benjamin Netanyahu, que precisou do apoio de partidos ultraortodoxos para voltar ao poder no final de 2022.

Essas legendas ameaçaram deixar seu governo e não há expectativa de grandes pressões, como ameaças de prisões, para que esse recrutamento seja cumprido. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou no final de março que não apoiaria o alistamento ou não de ultraortodoxos sem que houvesse “consenso” sobre o tema dentro da coalizão governista.

No domingo (7), 18 rabinos associados ao partido Shas e ao movimento ultraortodoxo sefardita assinaram uma declaração rejeitando qualquer compromisso sobre o recrutamento de judeus Haredi.

Segundo o jornal Times of Israel, na declaração, esses líderes disseram que qualquer compromisso nesse sentido “levará à ruína” e que não cederão mesmo se forem ameaçados de “ir para a prisão”. “Daremos as nossas almas com bravura e coragem para observar a nossa sagrada Torá”, afirmaram.

Os ultraortodoxos, que representam 13% da população de Israel, estão realizando protestos contra o recrutamento.

Em um deles, bloquearam temporariamente a Rodovia 4, perto da cidade de Bnei Brak, nos arredores de Tel Aviv, e no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém, ocorreram confrontos entre moradores ultraortodoxos locais e centenas de membros do grupo de reservistas anti-Netanyahu Irmãos de Armas.

Segundo o jornal Jerusalem Post, dois moradores da comunidade ultraortodoxa foram presos nesse último tumulto, um por derrubar uma motocicleta da polícia e outro por atear fogo a uma bandeira de Israel.

Na semana passada, o líder oposicionista Yair Lapid, que foi primeiro-ministro de Israel em 2022, cobrou que a gestão Netanyahu tome medidas para cumprir o recrutamento de ultraortodoxos.

“Apelo ao governo para não trapacear, não enganar, não encontrar caminhos para se desviar disso, não transferir orçamentos ocultos, não fazer todas as coisas que sabemos que eles tentarão fazer”, disse à imprensa israelense. (Com Agência EFE)

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