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Egípcios participam de festa que comemora nascimento do profeta Maomé: país vai às urnas sob expectativa sobre futuro político | Khaled Elfiqi/Efe
Egípcios participam de festa que comemora nascimento do profeta Maomé: país vai às urnas sob expectativa sobre futuro político| Foto: Khaled Elfiqi/Efe

Oposição

Irmandade Muçulmana considera a consulta ilegítima e pede boicote

A Irmandade Muçulmana e seus apoiadores estão defendendo um boicote ao referendo. Seu argumento é que o processo todo, a começar pelo golpe, é ilegítimo, e eles estão planejando manifestações em massa nos dias de votação. O grupo aprimorou suas táticas de mobilização nos 85 anos desde a sua criação, tendo recebido mais de 40% dos votos nas eleições parlamentares realizadas no fim de 2011 e início de 2012.

Mesmo assim, é difícil prever que eficácia terá o boicote, considerando que a maioria dos dirigentes de alto e médio escalão da Irmandade está presa ou fugida. A recente medida do governo de rotular o grupo de organização terrorista significou, de fato, que a mera adesão à organização pode implicar uma pesada pena de prisão.

Para ajudar a garantir um comparecimento numeroso, autoridades locais solicitaram de empresários ricos que financiem o transporte de eleitores pobres aos postos de votação. O governo também decretou que os eleitores podem depositar seus votos onde estiverem, sem precisar ir aos postos de votação nos distritos onde estão registrados.

Agência Estado

Com uma probabilidade cada vez maior de participação do poderoso chefe militar do Egito na disputa presidencial, o referendo constitucional que começa hoje no país, a se realizar em meio a uma mobilização maciça das forças de segurança, é visto amplamente como um voto de confiança no regime que ele instalou no último verão egípcio.

A Carta é uma reformulação da Constituição apoiada por islamitas adotada em dezembro de 2012, durante a presidência de Mohammed Mursi, o presidente deposto em julho, e sua Irmandade Muçulmana. Elaborada por um conselho de 50 membros formado por políticos de inclinação predominantemente secular, ela criminaliza a discriminação, preserva a igualdade de gêneros e assegura uma série de liberdades e direitos.

E, fundamentalmente, a votação de hoje e amanhã oferece ao cada vez mais popular chefe militar do país, general Abdel-Fattah al-Sisi, um primeiro teste eleitoral desde que ele depôs Mursi num golpe militar em 3 de julho do ano passado. Desde a deposição, al-Sisi permaneceu em silêncio sobre se concorreria à presidência.

Uma votação confortável no "sim" e um comparecimento respeitável à votação seriam vistos como uma legitimação convincente, ao mesmo tempo em que enfraqueceriam o argumento dos islamitas de que Mursi continua sendo o presidente da nação, legitimamente eleito.

Violência

"Não se trata apenas de um referendo sobre a Consti­tuição. Esta é uma de muitas coisas, incluindo al-Sisi e a luta contra a violência de militantes", disse o analista e colunista Makram Mohammed Ahmed, próximo dos militares. "Não consigo imaginar que uma grande maioria de ‘sim’ trará automaticamente uma nova legitimidade que será rapidamente reconhecida pelo Ocidente, mas esta é uma boa Constituição e deve ter seu valor reconhecido."

A Carta adotada no governo Mursi recebeu cerca de 64% dos votos num comparecimento eleitoral em torno de 30% – em parte por causa do apelo a um boicote à votação pela oposição na época.

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