
Com uma probabilidade cada vez maior de participação do poderoso chefe militar do Egito na disputa presidencial, o referendo constitucional que começa hoje no país, a se realizar em meio a uma mobilização maciça das forças de segurança, é visto amplamente como um voto de confiança no regime que ele instalou no último verão egípcio.
A Carta é uma reformulação da Constituição apoiada por islamitas adotada em dezembro de 2012, durante a presidência de Mohammed Mursi, o presidente deposto em julho, e sua Irmandade Muçulmana. Elaborada por um conselho de 50 membros formado por políticos de inclinação predominantemente secular, ela criminaliza a discriminação, preserva a igualdade de gêneros e assegura uma série de liberdades e direitos.
E, fundamentalmente, a votação de hoje e amanhã oferece ao cada vez mais popular chefe militar do país, general Abdel-Fattah al-Sisi, um primeiro teste eleitoral desde que ele depôs Mursi num golpe militar em 3 de julho do ano passado. Desde a deposição, al-Sisi permaneceu em silêncio sobre se concorreria à presidência.
Uma votação confortável no "sim" e um comparecimento respeitável à votação seriam vistos como uma legitimação convincente, ao mesmo tempo em que enfraqueceriam o argumento dos islamitas de que Mursi continua sendo o presidente da nação, legitimamente eleito.
Violência
"Não se trata apenas de um referendo sobre a Constituição. Esta é uma de muitas coisas, incluindo al-Sisi e a luta contra a violência de militantes", disse o analista e colunista Makram Mohammed Ahmed, próximo dos militares. "Não consigo imaginar que uma grande maioria de sim trará automaticamente uma nova legitimidade que será rapidamente reconhecida pelo Ocidente, mas esta é uma boa Constituição e deve ter seu valor reconhecido."
A Carta adotada no governo Mursi recebeu cerca de 64% dos votos num comparecimento eleitoral em torno de 30% em parte por causa do apelo a um boicote à votação pela oposição na época.



