
Em que se transforma o inimigo do meu inimigo? Por causa da guerra contra o Estado Islâmico (EI), essa suposição aparentemente simples é agora um dos maiores dilemas da política externa americana.
Na semana passada, 20 mil membros de milícias xiitas Hashed al Shabi equipados e provavelmente dirigidos pelos Guardiães da Revolução do Irã lideraram a tomada da cidade iraquiana de Tikrit, uma batalha que pode se tornar o início do fim do autoproclamado “califado” dos jihadistas.
Os avanços em Tikrit foram apoiados por ar pelos bombardeios da coalizão internacional liderada pelos EUA, o que deixou do mesmo lado dois adversários que tentam estender sua influência no Oriente Médio e estão envolvidos em delicadas negociações sobre o programa nuclear de Teerã.
“[O Irã] deu as boas-vindas a nosso bombardeios. Eles querem destruir o EI, e nós também. Seria uma leitura incorreta pensar que não há um interesse mútuo a respeito do Daesh (acrônimo árabe do EI)”, explicou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em um tenso debate com o senador Marco Rubio no Capitólio.
A complexidade do cenário iraquiano é um exemplo da guerra e os receios sectários entre sunitas e xiitas, assim como dos interesses regionais opostos no Oriente Médio (Arábia Saudita e Irã).
“O Irã disse que é a força por trás não só das milícias xiitas, mas de grupos das forças armadas iraquianas, e fica claro aos iraquianos que esta [a batalha de Tikrit] é uma operação liderada pelo Irã”, explicou Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e de Estudos Internacionais (CSIS) de Washington.



