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Um informe do Congresso dos EUA adverte para uma forte penetração do narcotráfico na Venezuela, informa a edição desta quinta-feira (16) do jornal "El País". Segundo o relatório parlamentar, houve um aumento de exportação de drogas, que teria quadruplicado, e de cumplicidade no negócio entre altos funcionários civis e militares do governo, que colaborariam e protegeriam a guerrilha e as organizações criminosas colombianas. Além disso, o documento, que será divulgado no fim do mês, descreve o nascimento de um "narcoestado" na Venezuela.

De acordo com a investigação, o país se tornou o principal centro de distribuição de cocaína produzida na Colômbia e o maior porto de embarque da droga com destino, especialmente, aos mercados americano e espanhol.

"Um alto nível de corrupção dentro do governo venezuelano, do Exército e de outras forças de ordem e de segurança, contribuíram para a criação deste clima de permissividade", afirma o relatório. "As descobertas deste informe aumentam a minha preocupação de que a rejeição da Venezuela em colaborar com os EUA nas investigações sobre o narcotráfico se devem à corrupção existente no governo", afirmou o senador Richard Lugar, o republicano à frente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, encarregada da elaboração do documento.

Lugar considera que, além desta investigação, "é exigido, no mínimo, uma revisão profunda da política dos EUA em relação à Venezuela", e sugere medidas similares a "outros países afetados" por esta situação.

De 2004 a 2007, a quantidade de cocaína produzida na Colômbia e exportada a partir da Venezuela aumentou quatro vezes, passando de 60 toneladas por ano a 260. Este número representa, segundo o relatório, os 17% de toda a cocaína produzida no mundo em 2007. "Depois de entrar na Venezuela", relata o documento, "a cocaína normalmente sai do país a bordo de aviões que pousam e descarregam em aeroportos clandestinos".

As agências de segurança americanas detectaram 178 voos suspeitos de transportar drogas vindos de aeroportos da Venezuela em 2007, comparados aos 109 localizados em 2004. Na mesma época, os voos de cocaína da Colômbia teriam sido praticamente eliminados, graças aos programas contra narcóticos desenvolvidos em uma parceria dos governos colombiano e americano, informa o relatório.

Sedo assim, relata a comissão, a Venezuela substituiu, de fato, as rotas da cocaína que anteriormente procediam da vizinha Colômbia. A ação foi realizada por conta da estreita colaboração entre as Forças Armadas venezuelanas e a guerrilha colombiana.

"Segundo membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) interrogados pelo governo colombiano, funcionários venezuelanos - entre eles membros da Guarda Nacional - receberam dinheiro para facilitar a entrada da cocaína pela fronteira colombiana", afirma o documento americano.

"A corrupção dentro da Guarda Nacional", diz o informe, "representa a ameaça mais significativa, já que a Guarda se reporta diretamente ao presidente Hugo Chávez e controla as fronteiras, os aeroportos e os portos da Venezuela".

O relatório, elaborado entre agosto de 2008 e julho deste ano, menciona a Espanha como principal destino fora dos EUA de voos venezuelanos. As rotas principais para os EUA são através do México, República Dominicana, Haiti e outros países da America Central e do Caribe.

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