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Oriente Médio

Religião divide as facções rebeldes da Síria

Documento feito por 13 grupos de opositores de Assad rechaça liderança reconhecida pelo Ocidente e pede representantes islâmicos

Soldados do Exército Livre da Síria disparam contra forças do governo de Bashar Assad, em Aziza, no sul de Aleppo | Hamid Khatib/Reuters
Soldados do Exército Livre da Síria disparam contra forças do governo de Bashar Assad, em Aziza, no sul de Aleppo (Foto: Hamid Khatib/Reuters)

Milhares de rebeldes sírios romperam com a coalizão de oposição apoiada pelo Ocidente e pediram a formação de uma nova frente islâmica, enfraquecendo os esforços internacionais para organizar uma força militar pró-ocidental para substituir o presidente Bashar Assad.

Ainda mais dividida no campo de batalha, onde as tropas de Assad mais bem armadas vêm ganhando terreno, aliados do Exército Livre da Síria estão entre as 13 facções rebeldes diferentes que repudiaram a liderança no exílio e formaram uma aliança islâmica que inclui a Frente Nusra, ligada à Al-Qaeda.

Não ficou claro os detalhes sobre o número de combatentes envolvidos no processo e como eles cooperariam entre si. Mas, em um vídeo publicado na internet, o líder da Brigada Islâmica Tawheed disse que o grupo rejeita a autoridade da Coalizão Nacional Síria (CNS) e do Ocidente – e a administração no exílio de Ahmad Tumeh, apoiada pela Arábia Saudita.

Loay Safi, porta-voz do presidente da CNS, Ahmed Jarba, presente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, disse que Jarba iria para a Síria hoje dar uma resposta. "Nós não vamos negociar com grupos individuais. Vamos criar uma estrutura melhor para organizar as forças combatentes", disse Safi.

A medida significa um retrocesso para líderes estrangeiros que tentam impulsionar grupos rebeldes mais seculares, de modo a tranquilizar seus eleitores a respeito de um envolvimento maior na guerra civil da Síria. Alguns podem repensar sua ajuda aos militantes, que vai desde o fornecimento de armamento pelo Golfo a uma ajuda da Europa e dos EUA.

Disputa entre adversários pode fortalecer o governo de Assad

Para o presidente Bashar Assad, incentivado pela assistência diplomática russa que enfraqueceu os planos dos EUA para bombardear a Síria após um ataque com gás letal ocorrido nos arredores de Damasco, qualquer coalizão rebelde mais poderosa poderia desafiar o avanço de seu Exército no campo de batalha. Mas isso poderia ser mais do que compensado pelo enfraquecimento do apoio internacional a seus inimigos.

Embora alguns combatentes islâmicos moderados tenham negado que a medida seja uma abordagem mais radical e sectária, um papel de maior destaque para islâmicos mais radicais em detrimento da Coalização Nacional Síria pode reforçar o argumento de Assad de que a alternativa para o seu governo é uma Síria administrada pela Al-Qaeda.

A facção de militância islâmica mais radical, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), da Al-Qaeda, responsável por convergir um elevado número de jihadistas estrangeiros para a Síria, não está entre as signatários do novo pacto. Não ficou claro, no entanto, se havia rejeitado se envolver ou se não havia sido convidada.

Os 13 grupos que assinaram o comunicado convocam a oposição a se reorganizar sob uma estrutura islâmica e a ser conduzida somente por grupos que lutam em território sírio. Os signatários vão desde extremistas como a Frente Nusra a grupos mais moderados, como a Brigada Tawheed e a Brigada Islâmica.

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