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Os homens em alto-mar são caçadores - caçadores de tesouros. Monitoram o fundo do oceano com sonares, aparelhos sofisticados. Encontram o alvo e mergulham "Zeus" em águas tão profundas, que o homem não pode alcançar.

"Zeus" é uma espécie de polvo-robô. Cada tentáculo tem uma função: um retira a areia que encobre objetos. Outro suga as peças, uma a uma. E foi assim que a empresa americana Odyssey encontrou 15 navios naufragados. O material foi trazido para o laboratório de conservação. Peças grandes e milhares de réplicas.

O diretor de conservação e arqueologia, John Opperman, mostra alguns dos achados. A garrafa tem uma conserva de pêssegos. É de 1860.

Um astrolábio, um instrumento que os navegadores usavam para se localizar em alto-mar, a partir da posição das estrelas, uma espécie de GPS, é do século 17. Arqueólogos têm registro de apenas 80 iguais a este no mundo.

Mas nada se compara à mais importante descoberta dos caçadores da Odyssey. Com a ajuda de "Zeus", eles chegaram ao maior tesouro que já retiraram do fundo do mar: avaliado em R$ 1,12 bilhão.

São 500 mil moedas de ouro e prata, pesando 17 toneladas. Ao tocar cada uma das moedas, "Zeus" mexeu com a história mundial.

Há mais de 200 anos, países da Europa disputavam as riquezas do novo mundo, a América. Era outubro de 1804. Fragatas espanholas carregavam riquezas roubadas na América do Sul: ouro, prata.

Seguiam para a Espanha, quando foram atacadas por navios de guerra ingleses. A ordem era para que as embarcações mudassem o destino e seguissem para a Inglaterra. Mas o capitão espanhol se recusou a obedecer. O mar virou campo de batalha. O navio La Mercedes foi atingido e afundou, levando um tesouro.

Segundo documentos da época o carregamento era de um milhão de moedas de ouro e prata cunhadas em colônias espanholas da América do Sul, como o Peru. A Odyssey não revela o lugar exato onde encontrou o tesouro. Diz apenas que as moedas estavam em águas internacionais no Oceano Atlântico, perto da Inglaterra.

Mas o governo espanhol diz que, na verdade, as moedas pertencem à Espanha, porque são as que afundaram com o La Mercedes.

A Odyssey diz que não há provas de que os destroços, no fundo do mar, sejam do La Mercedes e que, se forem, as moedas podem ter pertencido a mercadores e não à Espanha.

Descendentes de comerciantes espanhóis, de olho no tesouro tão valioso, também brigam pelas moedas. Dizem que os antigos parentes perderam a fortuna com o naufrágio do La Mercedes.

Até o governo do Peru entrou na disputa: alega que as moedas foram tomadas do povo peruano pelos espanhóis, no século 19. A quem pertence um tesouro encontrado no fundo do mar?

Existem leis e tratados internacionais, mas não foram assinados por todos os países. A Odyssey quer convencer a Justiça de que achado não é roubado.

Mark) defende que bens com valor histórico ou cultural localizados nesse tipo de expedição sejam deixados com o país ao qual pertenciam. Mas objetos encontrados em grandes quantidades, como as moedas, devem ser vendidos para colecionadores particulares. E o dinheiro arrecadado, dividido entre a empresa e o país envolvido, diz ele.

"Os críticos nos chamam de piratas. Piratas são ladrões. Nós não fazemos nada de ilegal. Somos arqueólogos com tecnologia de ponta, para explorar o fundo do mar",

Mas o governo da Espanha diz que os exploradores da Odissey são saqueadores. Vai caber à Justiça da Flórida, onde fica a empresa americana, decidir o destino desse tesouro.

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