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Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer (esquerda), ao lado do secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo | NICHOLAS KAMM/AFP
Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer (esquerda), ao lado do secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

A administração Trump chegou a um acordo parcial com o México sobre os termos de um novo acordo comercial norte-americano , segundo duas fontes informadas sobre o acordo. 

O compromisso é o passo mais significativo em direção a um novo acordo para o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) desde que as negociações entre EUA, México e o Canadá começaram há um ano. 

Mas os negociadores ainda estão longe de terminar seu trabalho. O anúncio deixou sem solução uma série de demandas dos EUA e, além disso, o Canadá, que não participa das deliberações há cinco semanas, precisa concordar com os termos do novo acordo comercial para que ele seja concluído. 

Os negociadores estão correndo para concluir um novo tratado até o final desta semana na esperança de garantir a aprovação dos legisladores mexicanos antes que o novo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, seja empossado em 1º de dezembro. 

O líder populista mexicano continua desconfiado dos planos de conservar a privatização da indústria do petróleo no México em um novo tratado. Seus assessores, que participam das negociações junto com autoridades do atual governo mexicano, querem preservar a flexibilidade do novo governo. 

O que foi acertado? 

Nos últimos dias, diplomatas americanos e mexicanos chegaram a um acordo sobre elementos-chave de um novo tratado, incluindo aumentar o percentual que cada carro deve ser fabricado na América do Norte para se qualificar para tratamento livre de impostos, passando dos atuais 62,5% para 75%. 

Os dois lados concordaram em exigir que uma porção significativa de cada veículo fosse produzida em fábricas que pagam salários acima da média, uma medida que visa desencorajar a migração dos empregos dos EUA para o México. 

Os negociadores também resolveram como serão penalizados os carros e caminhões produzidos em fábricas mexicanas que não cumpram as regras do novo tratado. As empresas americanas que importam esses veículos pagarão uma tarifa de 2,5%. 

Canadá 

"O que a maioria de nós está focada agora é: o que acontece a seguir?" pergunta Dan Ujczo, um advogado de comércio com Dickinson Wright. 

Tendo resolvido seus principais pontos de discórdia com o México, espera-se agora que a administração Trump pressione o Canadá para aceitar rapidamente os termos consensuais. Mas o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que Trump criticou duramente após a cúpula do G-7 em Quebec, em junho, não quer fazer concessões ao presidente americano. 

"Podemos realmente fazer um acordo com o Canadá quando eles estão negociando com uma arma apontada para suas cabeças?" Ujczo disse. "O Canadá tem algumas escolhas a fazer". 

Trump tem criticado o sistema de gerenciamento de laticínios do Canadá, que restringe as importações de aves, ovos e produtos lácteos, que visa fornecer aos agricultores canadenses preços altos. 

Outros impasses 

Outros pontos de discórdia de longa data permanecem sem solução, incluindo uma exigência dos EUA de que o tratado expire a cada cinco anos, a menos que seja explicitamente revalidado pelos três governos. Líderes empresariais reclamam que tal exigência tornaria muito difícil planejar investimentos futuros. 

"A competitividade da América do Norte será reduzida se as empresas temerem que as regras corram risco de constantes mudanças", disse o Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação na sexta-feira. "Essas provisões potenciais podem colocar em risco os incentivos para as empresas inovarem, investirem, contratarem e produzirem em toda a América do Norte". 

Leia também: A agonia do multilateralismo: Trump, Brexit e o soberanismo

Contexto

A renegociação do Nafta tem sido difícil. O presidente criticou repetidamente o tratado original de 1994, chamando-o de "piada de mau gosto" e culpando-o pela perda de milhões de empregos na indústria americana. 

Há um ano, Robert E. Lighthizer, representante comercial dos EUA, iniciou as negociações pedindo uma grande revisão das regras comerciais para levar em conta quase um quarto das mudanças econômicas e para corrigir o desequilíbrio no comércio entre os EUA e seu vizinho do sul. 

Trump, disse ele, "não está interessado no simples ajuste de algumas provisões". 

Embora os acordos comerciais sejam assuntos complexos que normalmente exigem anos de negociações, os funcionários do governo inicialmente esperavam concluir o trabalho até o final de 2017. Eles não cumpriram esse ambicioso cronograma e também excederam os prazos revisados para o final de março e de maio. 

Mas desta vez o prazo pode ser real, dada uma exigência do Congresso de 90 dias de aviso para um acordo comercial iminente. Se a administração não notificar formalmente o Congresso de que chegou a um acordo com o Canadá e o México até o final de agosto, o ex-presidente mexicano Enrique Peña Nieto não poderá assiná-lo. 

Negociadores querem fechar um acordo antes que Lopez Oprador, que pode exigir mudanças adicionais, tome posse.

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