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Revolta árabe

Repressão já matou mais de mil na Síria, diz ONU

Brasil, China e Rússia temem que uma ação mais dura contra Damasco provocará desestabilização de todo o Oriente Médio

Multidão estende bandeira síria gigante, no centro de Damasco, em manifestação de apoio ao presidente Bashar  Assad | Reuters/Sana
Multidão estende bandeira síria gigante, no centro de Damasco, em manifestação de apoio ao presidente Bashar Assad (Foto: Reuters/Sana)

Genebra - A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou ontem o que qualificou como "repressão brutal" que está ocorrendo na Síria, com mais de 10 mil pessoas pre­­sas e mais de 1,1 mil mortos nos protestos contra o governo. Apesar da constatação, os governos mostram-se divididos sobre qual caminho tomar em relação ao regime do líder sírio, Bashar Assad.

A ONU abriu investigações e pediu que os responsáveis pela violência sejam levados à Jus­tiça. No entanto, a organização foi impedida por Assad de entrar na Síria. O organismo coletou informações de dissidentes e dos mais de 8 mil sírios que já deixaram o país e refugiram para a Turquia. Segundo a comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, o governo sírio teria sido responsável por "execuções su­­márias, prisões em massa e tortura".

Segundo a comissária, cidades inteiras foram sitiadas, impedindo civis de sair e deixando muitos sem alimentos ou assistência médica. O dado considerado co­­mo mais preocupante é a prisão de mais de 10 mil pessoas, muitas das quais teriam sofrido tortura.

Navi também acusou o governo sírio de mentir sobre a morte de policiais. Num dos casos, Da­­masco alegou que 120 agentes de seguranças teriam sido assassinados por "gangues". A ONU afirma que obteve informações de que a matança foi organizada pelo próprio governo. "O material obtido pela ONU é de grande preocupação e mostra uma situação crítica", afirmou o relatório

Divergências

O Brasil, além de China e Rússia, considera que uma ação mais dura contra Damasco pode desestabilizar todo o Oriente Médio. "A Síria é central para a estabilidade no Oriente Médio", disse a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo. "Devemos evitar toda ação que possa contribuir para exacerbar tensões existentes naquela parte do mundo, que pode levar a resultados opostos ao que desejamos."

O recado do Brasil foi claro: a pressão internacional não poderá seguir os mesmos modelos do que ocorreu na Líbia e a solução precisa se dar por meio de um processo político. "O Brasil condena o uso de força letal contra manifestantes desarmados. Esperamos que a situação seja resolvida na base do diálogo, reforma e processo político inclusivo."

A posição do Brasil é a de mostrar também que não aprova a re­­pressão, mas não está disposto a ape­­­­nas criticar o governo sírio. "Reconhecemos os esforços feitos por Damasco para obter reformas politicas", disse a diplomata.

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